Rússia vai libertar 100 baleias que estão na 'prisão'
Baleias foram capturadas ilegalmente para serem exportadas para a China. Estão em cativeiro mas podem correr riscos se forem libertadas, por serem incapazes de sobreviver sozinhas,.
A libertação de quase 100 baleias aprisionadas na Rússia, e que iam ser exportadas ilegalmente para parques marinhos chineses, vai ser avaliada pelo governo russo. As 87 baleias-beluga e 10 orcas foram capturadas no ano passado e vivem em "jaulas" na água. Foram capturadas ao largo da ilha Sacalina, no Extremo Oriente russo, avança o NY Times.
O caso tornou-se público em novembro de 2018, depois de fotografias tiradas por um drone terem exposto a "prisão de baleias" - como foi apelidada por ambientalistas - e de as imagens se terem tornado virais. As autoridades abriram uma investigação, pressionadas pelos ambientalistas. O ator Leonardo DiCaprio iniciou mesmo uma petição para libertar as baleias, que reuniu mais de 900 mil assinaturas.

Em fevereiro, a Greenpeace organizou um protesto contra a detenção de baleias, em Moscovo. "Liberdade para as orcas e baleias brancas", pode-se ler no cartaz.
© REUTERS/Shamil Zhumatov
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As autoridades russas acabaram por confirmar que as autorizações para captura das baleias foram emitidas ilegalmente e, no mês passado, o presidente russo Vladimir Putin ordenou que uma comissão especial determinasse como se iria proceder à libertação dos mamíferos, que foi confirmada esta sexta-feira.
Jean-Michel Cousteau - filho do famoso oceanógrafo Jacques Cousteau - da Ocean Futures Society, e Charles Vinick, diretor executivo do Whale Sanctuary Project, foram convidados pelo governo russo para auxiliar na criação de um plano de libertação dos mamíferos e para melhorar as condições atuais da vida dos animais que se encontram na "prisão de baleias", perto da cidade russa de Vladivostok.
Uma das preocupações de Cousteau e de Vinick é que os mamíferos não estejam preparados para viver sozinhos nem tenham capacidade para se defenderem de outros animais, visto terem estado em cativeiro e serem muitos jovens. "A capacidade de sobreviver por conta própria, se os portões forem abertos, é limitada", disse Vinick. Kobylkin defende que a melhor altura para libertar os animais é no verão, para aumentar a hipótese de sobrevivência dos animais.
A libertação das baleias está dependente da avaliação dos cientistas, que irão analisar as doenças dos mamíferos e perceber se estes são capazes de viver no oceano sem apoio. Algumas baleias podem ser libertadas juntas, outras deverão levar mais tempo a estar prontas para a vida na natureza. "Pode levar anos, não sabemos ainda", disse Cousteau.
A hipótese em estudo é soltar os animais perto do local onde foram capturados, prevendo que estes se irão reunir com a família ou com baleias mais velhas que os possam ajudar no crescimento e na vida fora do isolamento.