Dois à sextaVoltando a KeynesNão é verdade que Keynes fosse inflacionista. No seu plano financeiro para a II Guerra Mundial, por exemplo, advertiu que "a inflação... será claramente vantajosa para a classe mais rica" e "será mais onerosa para os rendimentos mais baixos"
Dois à sextaFalsificação da históriaTestemunhei os três resgates financeiros de Portugal durante a vigência do actual regime democrático. O primeiro, 1977-79, ainda na universidade; o segundo, 1983-85, como participante na execução do programa de ajustamento; e o mais recente, 2011-14, como cidadão interessado.
Dois à sextaListas transnacionais?!Os piores inimigos da Europa e da integração europeia não são os nacionalistas nem os eurocépticos, são os fanáticos ultra-europeístas, que lembram aquelas pessoas que abraçam tão apertadamente as pessoas de quem gostam que quase as sufocam e lhes partem costelas, fazendo-as debater em aflição, e de quem estas naturalmente se tentam esquivar sempre que podem.
Dois à sextaUma economia dependente?Numa entrevista recente referi que, por falta de acumulação de capital nacional, devido à baixa taxa de poupança, Portugal poderia tornar-se uma economia completamente dependente e com estatuto quase colonial.
Dois à sextaUm regime enviesado e uma direita descuidadaUm regime político é definido pela Constituição e pela práxis política. Sendo fundamental, a Constituição não é suficiente para definir o regime. Por exemplo, a prática francesa de o presidente se assumir como líder partidário, e a portuguesa, de o Presidente pretender ser independente, definiram de modos muito diferentes o papel da chefia do Estado nos respectivos regimes, apesar de as diferenças constitucionais serem menores.
Dois à sextaPartidos e representação políticaOs partidos políticos são a componente essencial da democracia representativa. Para disputar o poder de governar a sociedade e o Estado, organizam-se à volta de ideias, projectos e interesses, com os quais disputam a representação dos cidadãos.
Dois à sextaSobre o Estado da União (2/2)No discurso sobre o estado da União, o presidente da Comissão Europeia revelou um incontido optimismo económico. É verdade que os nossos processos mentais são muito influenciados pelos resultados mais recentes, mas se nos quisermos manter razoavelmente racionais convém não perder a perspectiva mais longa que enquadra tais resultados.
Dois à sextaCoisas que não entendo1. A organização militar é uma estrutura fortemente hierarquizada, com cadeias de comando muito bem definidas, orientada para o cumprimento de missões com objectivos e contornos também definidos, cuja acção é baseada, geralmente, em cuidada planificação e na qual nunca deve haver dúvidas sobre quem, a qualquer momento, manda em quê.
Dois à sextaA Europa vai mudarAs recentes declarações da Sra. Merkel, após a visita, tida como desapontante, do Sr. Trump à Europa, e tendo presente a saída do Reino Unido da União Europeia, pressagiam importantes desenvolvimentos prospectivos no processo de integração europeia e mudanças na postura germânica face à união monetária.
Dois à sextaA improvável geringonçaA coligação política crismada de geringonça tem protagonizado uma interessante experiência, pouco analisada. Tida como improvável, ultrapassou com sucesso uma série de subsequentes improbabilidades, a que os seus opositores se agarraram, na esperança de que a fizessem soçobrar e afundar em desastre: aprovação e posterior execução do Orçamento de 2016; aprovação do Orçamento de 2017; negociações com Bruxelas; apreciação das agências de rating; despoletamento de uma crise bancária herdada da gestão anterior; e outras menores.
Dois à sextaResgates bancáriosUm banco, só por si, até pode envolver pouco valor social, mas, em certos casos e circunstâncias - alturas de grande incerteza, frágil confiança e elevado risco de pânico -, a sua falência pode ter enormes efeitos de contágio e de ramificação sistémica
Dois à sextaErro humanoRecentemente, um comentarista do Financial Times exprimia a sua perplexidade sobre o estrondoso "despiste" da Volkswagen no escândalo da falsificação de informação sobre as emissões poluentes nos EUA. Que, além do dano reputacional, já lhe custara cerca de 17 mil milhões de dólares só em multas e indemnizações. O autor confessava a dificuldade em perceber "porque fizeram isso", reconhecendo que o mal teria de ser procurado no governo empresarial e na cultura que o enforma, e acabava por concluir que um "pobre e irresponsável governo empresarial e incentivos curto prazistas para os gestores são tristemente frequentes. E há sempre dinheiro a ganhar torneando das regras".
Dois à sextaUma história mal contada (2/2)Proponho-me completar hoje a análise iniciada no artigo anterior. A intermediação dos recursos financeiros dos países com excesso de poupança foi, na Europa, protagonizada principalmente pelos bancos. E, mais uma vez, acabou-se numa narrativa distorcida e desfavorável aos bancos dos países externamente deficitários.