Chapéus com sistema de arrefecimento para trabalhadores que constroem estádios
O acessório reduz a temperatura corporal em até 10 graus
Com temperaturas que no Verão podem chegar aos 50 graus, os trabalhadores que estão envolvidos na construção dos estádios de futebol para o Mundial de 2022, no Qatar, sofreram de exaustão por calor e de desidratação, o que levou a acusações de exploração de mão-de-obra. Em resposta, a organização do torneio arranjou uns chapéus especiais que, garantem, permitem reduzir a temperatura corporal em até 10 graus.
Estes chapéus com sistema de arrefecimento foram desenvolvidos por cientistas da universidade do Qatar. Incluem um ventilador movido a energia solar que "sopra" o ar para o rosto da pessoa que o usa. "O nosso objetivo era reduzir o stress térmico e os golpes de calor aos trabalhadores", disse Saud Ghani, professor de engenharia envolvido no projeto, citado pela Reuters. "Estamos confiantes de que esta tecnologia irá proporcionar condições de trabalho mais confortáveis e seguras", acrescentou, citado pela AFP.
O ventilador permitirá, segundo avançaram os responsáveis, uma redução da temperatura corporal de até 10 graus durante um período de quatro horas.
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Estes chapéus poderão estar operacionais já no próximo verão, garantiu o organismo que supervisiona a construção dos estádios, onde trabalham cerca de cinco mil migrantes do Nepal, Índia e Bangladesh, estimando-se que dentro de dois anos o número de trabalhadores aumente para 36 mil.
O Qatar, onde devido às altas temperaturas é proibido trabalhar ao ar livre durante várias horas por dia durante os meses de verão, tem sido acusado de exploração da mão-de-obra, falta de segurança e condições miseráveis.
Em março, a Amnistia Internacional criticou a FIFA pela "indiferença face ao péssimo tratamento dos trabalhadores imigrantes naquele país."
Trabalhadores de países como Bangladesh, Índia e Nepal, que estiveram reunidos com o organismo, denunciaram estar a atravessar "condições sub-humanas" no Qatar - não podem deixar o país sem autorização, não podem mudar de emprego, os passaportes são confiscados e os pagamentos estão aquém do acordado.
Segundo dados da embaixada indiana no Qatar consultados pela Reuters, cerca de 260 trabalhadores migrantes da Índia morreram naquele país em 2015.