Militar português morto no Mali tinha 40 anos e prestava serviço no Porto
O militar português que morreu no Mali na sequência de um ataque terrorista no domingo tinha 40 anos, era natural de Valongo e prestava serviço no Comando de Pessoal no Porto
O Sargento-Ajudante Paiva Benido, casado e com duas filhas menores, integrava o contingente nacional na Missão de Treino da União Europeia no Mali, composto por 10 elementos.
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O militar português ao serviço da missão da União Europeia no Mali morreu na sequência de um ataque terrorista ocorrido domingo, nas imediações de Bamako, anunciou hoje o Estado-Maior General das Forças Armadas.
Uma nota do Exército adianta que o militar morreu "devido a confrontos ocorridos na sequência de um ataque de elementos rebeldes que provocou outras baixas entre elementos de outros contingentes".
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Um segundo militar português "saiu ileso deste ataque", que ocorreu no domingo pelas 16:00, no Hotel Le Campement Kangaba, nas imediações de Bamako, segundo um comunicado divulgado pelo Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA).
Segundo o comunicado, o local onde ocorreu o ataque, Hotel Le Campement Kangaba, "é reconhecido e autorizado pela Missão de Treino no Mali - ao serviço da qual estava o militar - como `Wellfare Center" entre os períodos de atividade operacional dos militares que prestam serviço naquele país.
Um inquérito "no sentido de esclarecer as circunstâncias que envolveram o ataque terrorista em Bamako" já foi instaurado, adiantou o EMGFA.
"Encontravam-se no local vários militares da Força Internacional de diversos países, entre os quais dois portugueses. Mais se informa que o segundo militar Português saiu ileso deste ataque", refere o EMGFA.
A missão da União Europeia no Mali é uma missão de aconselhamento e treino das forças locais. Os militares portugueses, que participam na missão desde 2013, prestam ações de formação em tiro, aconselhamento em matérias relativas à constituição e organização das forças do Mali.
Atualmente, encontram-se nesta missão 6 militares do Exército, 3 da Força Aérea e 1 da Marinha.
O ano passado a missão da União Europeia viu aprovado um terceiro mandato. A participação de Portugal passou de 7 militares para até 11 militares.
Um total de 580 militares participa na EUTM Mali, de 26 países europeus, sob o comando do brigadeiro General Peter Devogelaere (Bélgica).
Segundo se pode ler no "site" do Estado-Maior das Forças Armadas, a missão EUTM Mali consiste no aconselhamento das autoridades militares e civis, "com a finalidade de contribuir para a restauração da sua capacidade militar, na perspetiva de as preparar para a condução de operações militares, destinadas a restabelecer a integridade territorial do Mali e reduzir a ameaça que os grupos terroristas representam".
Para o terceiro mandato, a área de missão foi estendida para norte na direção da curva do rio Níger, incluindo os municípios de Gao e Timbuktu.
Em janeiro passado, a ONU alertou para a fragilidade do processo de paz no Mali e para a gravidade da ameaça terrorista no país, depois de um atentado suicida contra um quartel militar ter vitimado 79 pessoas.
Além dos constantes ataques do grupo 'jihadista' da Al-Qaida no Magreb Islâmico (AQMI) e das suas filiais locais contra as forças malianas, o norte do país é palco de combates intermitentes entre grupos armados locais, apesar do acordo de paz.
O acordo foi assinado em maio de 2015 em Argel pelo Governo maliano, a Coordenadora de Movimentos do Azawad (CMA), que representa a maioria dos rebeldes separatistas tuaregues, e as milícias armadas unionistas pró-governamentais GATIA (Grupo de Autodefesa Tuaregue Imghad e Aliados, criado em 2014).