Crianças diabéticas com menos de 10 anos sem acesso a bombas de insulina
"O acesso ao tratamento é um direito básico dos doentes e a legislação que está atualmente em vigor não está a ser cumprida", afirmou a Federação Portuguesa de Pessoas com Diabetes em comunicado
A Federação Portuguesa de Associações de Pessoas com Diabetes (FPAD) denunciou esta quinta-feira que as crianças até aos dez anos ainda não têm acesso a bombas de insulina, apesar de a lei o contemplar, um atraso relacionado com um concurso internacional.
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"O acesso ao tratamento é um direito básico dos doentes e a legislação que está atualmente em vigor não está a ser cumprida, impedindo o acesso das bombas de insulina a crianças até aos 10 anos de idade", lê-se no comunicado da Federação.
Uma lei publicada no ano passado prevê o acesso de crianças até aos dez anos ao tratamento com sistemas subcutâneos de perfusão contínua de insulina (dispositivos PSCI).
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Este acesso foi contemplado, uma vez que "esta abordagem terapêutica proporciona uma melhoria da qualidade de vida, refletindo-se em vantagens relevantes para os utentes, como a redução da fobia às agulhas em crianças, adolescentes e adultos, aumentando a adesão à terapêutica, a melhoria do tratamento quando há problemas com turnos e horários irregulares e a resolução dos problemas associados a baixas doses de insulina em lactentes e crianças com menos de 5 anos."
A presidente da Federação, Emiliana Querido, disse à Lusa que este atraso estará relacionado com o concurso internacional lançado para o fornecimento dos dispositivos, uma vez que "os laboratórios não se entenderam e um dos concorrentes impugnou o concurso".
"De acordo com as informações que nos têm sido relatadas, quer por pais de crianças com diabetes tipo 1, quer pelas próprias pessoas com a doença, os consumíveis estão a escassear, havendo já quem tenha de adquirir consumíveis do seu próprio bolso ou, não conseguindo suportar tais custos, volte à terapêutica anterior", prossegue a FPAD.
A Federação referiu mesmo que "o estado de saúde de muitos doentes está a agravar-se devido à interrupção do tratamento" e que "existem pessoas com necessidade urgente de iniciar a terapêutica".
"É urgente perceber porque esta situação está a acontecer, e obter uma solução viável rapidamente, pois está em causa a saúde das pessoas com diabetes tipo 1 que não estão a ter acesso a um direito enquanto cidadãos: o direito de acesso ao tratamento", indica Emiliana Querido.