Depois de noite de "faroeste" pede-se mais segurança
Depois de uma noite agitada, com dezenas de pessoas na rua a tentar impedir a polícia de deter um suspeito de roubo, em Odivelas pede-se hoje mais segurança e autoridade para a polícia.
"Foi para aí uma cena que parecia um faroeste", conta à agência Lusa o proprietário de um café situado na rua da esquadra da PSP onde se desenvolveram os desacatos iniciados pouco antes, junto ao Centro Comercial Oceano.
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No local, conta-se que não foi a primeira vez que a polícia teve dificuldades em manter a ordem, perante grupos de 50 a 60 pessoas vindas de outro bairro.
Reclama-se mais segurança e autoridade para a polícia.
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O mesmo comerciante foi apanhado de surpresa quando ia a sair, ao final do dia, e não sabe de onde surgiu tanta gente de repente.
"Depois vedaram a rua para mais ninguém passar", recorda, referindo que antes ainda foi partido o vidro de uma carrinha.
Receou que lhe partissem também o vidro do estabelecimento: "A polícia não tem força nenhuma e a culpa é do Governo. A gente qualquer dia não pode ter uma porta aberta, não pode ter nada".
A maior parte das pessoas contactadas pela reportagem da Lusa diz que nada viu e nada sabe de desacatos na área, mas José Mendes, 72 anos, a viver no local há 12, garante que têm "medo de falar".
Relata que a polícia queria deter um homem e os companheiros não deixavam. "Eram para aí uns 50 (...) foi uma confusão".
Refere que a polícia atirava "tiros para o ar para os acalmar", mas sem sucesso. "Foi uma vergonha".
O episódio não foi único. Terá acontecido algo semelhante há algumas semanas, de acordo com relatos de um grupo de reformados.
"Não percebi o que era, mas era uma confusão, também eram muitos, não sei de onde eles vêm", acrescenta José, indignado com a falta de segurança na zona onde sempre viveu.
"Isto está uma vergonha. Se não deitarem a mão a isto não sei onde vamos parar", desabafa.
No bairro diz-se que o problema é a polícia não ter poderes. "Se chega aí a polícia e dá uma palmada a um, eles começam a bater na polícia e se a polícia carrega em algum ainda vai a tribunal o polícia".
José Mendes garante que o povo anda "todo revoltado". O grupo em causa, indica, reúne-se no Centro Comercial: "Quando há futebol então, eu nem lá entro. Ontem pareciam formigas e as pessoas não se metem porque têm medo".
Três homens foram constituídos arguidos por fogo posto, sendo hoje presentes ao Tribunal Judicial de Loures, de acordo com informação prestada à Lusa na esquadra policial.
Os desacatos aconteceram na segunda-feira pelas 20:15 após a tentativa de identificação e detenção de um homem que resistiu às autoridades.