João Paulo II: O papa peregrino devoto da Virgem de Fátima
O papa João Paulo II, que será canonizado no domingo, ficou conhecido pelas muitas viagens que realizou pelo mundo ao encontro dos fiéis e pela sua devoção mariana, mantendo uma ligação especial com Fátima, que visitou três vezes.
Karol Jozef Wojtyla, eleito papa a 16 de outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, a 02 de abril de 2005.
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Na juventude, viveu a ocupação nazi da Polónia, que o levou a trabalhar numa mina (1940-1944) e, posteriormente, numa fábrica, para poder sustentar-se e evitar a deportação para a Alemanha.
Frequentou o seminário maior clandestino de Cracóvia até à sua ordenação como sacerdote em 1946. Seguiu depois para Roma onde se doutorou em teologia.
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Wojtyla foi ordenado bispo a 28 de setembro de 1958 e em 1964, arcebispo de Cracóvia por Paulo VI, que o criaria cardeal em junho de 1967.
Participou no Concelho Vaticano II (1962-65) e a biografia oficial disponível no site www.2papisanti.org destaca a "sua importante contribuição" para a elaboração da constituição pastoral Gaudim et Spes, sobre a igreja no mundo atual.
Foi eleito papa, com o nome de João Paulo II, a 16 de outubro de 1978. Durante o seu pontificado fez 146 visitas pastorais em Itália e visitou 317 das atuais 332 paróquias romanas. Realizou 104 viagens apostólicas pelo mundo, tendo visitado o Santuário de Fátima, em Portugal, por três vezes.
Entre os principais documentos do pontificado (1978-2005) contam-se 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas.
João Paulo II, que ficou conhecido como o papa "peregrino", celebrou 147 beatificações, tendo proclamado 1.338 beatos - e 51 canonizações, que fizeram 482 santos.
Aproximou-se das novas gerações com as celebrações da Jornada Mundial da Juventude.
A biografia oficial de João Paulo II, preparada pelo Vaticano para a sua beatificação, destacava o "grave atentado" sofrido pelo papa polaco a 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, sublinhando que Wojtyla "perdoou ao autor" do ataque.
Na sequência do atentado, João Paulo II anunciou a sua primeira visita ao Santuário de Fátima, em maio de 1982, para agradecer "a proteção concedida".
A visita de quatro dias, em que o papa percorreu o país, acabaria por ficar marcada por um incidente na noite da procissão das velas, em Fátima.
O padre integrista espanhol, Juan Fernandez Maria Khron, de 32 anos, vindo de Paris, tinha o objetivo claro de matar João Paulo II.
Vestido como sacerdote, Khron aproximou-se da comitiva papal empunhado uma baioneta, mas acabaria por ser detido, não sem antes ter gritado "Fim ao comunismo" e "Abaixo o Papa e o Vaticano II".
Depois disso, João Paulo II visitaria Fátima por mais duas vezes: em maio de 1991 e em maio de 2000, para a beatificação dos pastorinhos de Fátima Francisco e Jacinta Marto.
Na mesma altura, tornou pública a terceira parte do Segredo de Fátima e ofereceu à Virgem o anel com o lema "Totus Tuus" (Todo Teu) que lhe tinha sido oferecido no início do pontificado.
Morreu em Roma a 02 de abril de 2005 e foi beatificado a 01 de maio de 2011 pelo seu sucessor, Bento XVI, que dispensou o período canónico de cinco anos após a morte para iniciar processo.
Na primeira entrevista que deu após ter renunciado ao pontificado, o papa emérito, Bento XVI, recordou João Paulo II como "um santo".
A entrevista, concedida em fevereiro de 2013, vai ser publicada em livro por ocasião de canonização sob o título "Ao lado de João Paulo II".
Bento XVI recorda ter dito ao Papa polaco que tinha de "descansar", ao que este lhe respondeu que o podia fazer "no céu".
"Tornou-se para mim cada vez mais claro que João Paulo II era um santo", disse Bento XVI, que, enquanto cardeal, foi um dos mais diretos colaboradores de João Paulo II.