Escolas de Educação exigem "pedido público de desculpas"
"As Escolas Superiores de Educação (ESE) exigem que o ministro Nuno Crato "apresente um pedido público de desculpas" pelas afirmações que fez sobre a qualidade profissional dos docentes formados nestes estabelecimentos de ensino.
A Associação de Reflexão e Intervenção na Política Educativa das Escolas Superiores de Educação (Aripese), que hoje se reuniu em Coimbra, afirma que "os dados existentes não sustentam as afirmações proferidas" pelo ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, "sobre a qualidade da prestação profissional dos docentes formados nas ESE".
A Associação exige ao governante que "apresente um pedido público de desculpas" às ESE e aos "professores e educadores nelas formados".
O ministro, em entrevista à RTP, em 18 de dezembro, dia da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC) dos professores, disse ter dúvidas quanto aos licenciados nas ESE.
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Na reunião de hoje em Coimbra, em que também participaram os presidentes de dez institutos politécnicos (estabelecimentos nos quais estão integradas as ESE), a Aripese também decidiu congratular-se e subscrever a Carta Aberta do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) enviada ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a pedir a demissão de Nuno Crato.
Nas conclusões da reunião, tornadas públicas durante uma conferência de imprensa, o presidente da Aripese, Rui Matos, sublinhou, por outro lado, que a associação considera "esclarecedora a informação prestada pela A3ES [Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior] sobre a qualidade dos cursos de formação de educadores e professores nos dois subsistemas do ensino superior".
Os resultados da avaliação, publicados na página oficial da Agência, "contrariam a distinção que o ministro faz entre as universidades e as ESE", sustentou.
"Não se conformando" com as afirmações do ministro, a Aripese vai "realizar várias ações construtivas de reflexão, discussão e clarificação, a primeira das quais já em janeiro, em todas as ESE do país, no mesmo dia e à mesma hora", anunciou Rui Matos.
Para aquela iniciativa, serão convidados "a comunidade académica, associações de estudantes, autarquias, agrupamentos de escolas e outras entidades interessadas na formação de educadores e professores", adiantou.
Instado pelos jornalistas, Rui Matos disse que a Associação a que preside não faz "finca-pé que o senhor ministro se demita", quer que "se retrate em relação às afirmações que fez".
As ESE formam menos docentes, "em termos quantitativos" do que as universidades, até porque a sua formação só vai "até ao segundo ciclo do ensino básico", enquanto as universidades fazem formação de docentes "até ao ensino secundário", esclareceu.
O presidente da Aripese escusou-se a comentar o "silêncio das universidades" em relação às declarações de Nuno Crato sobre a qualidade da formação profissional das ESE.
A Aripese representa 12 das 13 ESE públicas do país -- a única escola que não integra a Associação é a da Guarda, que, no entanto, "tem participado, como convidada" nas reuniões da Associação, disse Rui Matos.