"Em janeiro vamos ter empregados pobres"
A Cáritas Portuguesa diz que o perfil do pobre em Portugal está a mudar todos os dias e que em 2013 vai chegar-se à situação do empregado pobre, em que o que ganha não chega para as despesas.
"A pobreza de hoje não é igual à de há seis meses. Em janeiro vamos ter empregados pobres. É todo um novo perfil", disse a representante da Cáritas Isabel Monteiro na conferência "Os Principais Desafios da Coesão Social na Área Metropolitana de Lisboa (AML)", que decorre hoje em Lisboa.
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Segundo Isabel Monteiro, com os salários a diminuir e os preços a aumentar, está a chegar-se ao ponto de, mesmo as pessoas que têm emprego, não conseguirem pagar todas as despesas fixas.
A representante da Cáritas alertou ainda que atualmente o fenómeno do desemprego pode afetar qualquer um. "Amanhã podemos ser todos nós", frisou.
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Consciente de que há muita pobreza envergonhada, especialmente entre os desempregados da classe média, média-alta, Isabel Monteiro apelou às pessoas para não esperarem por uma situação de "rotura total" para pedirem ajuda.
Para exemplificar o aumento da pobreza em Portugal, a responsável referiu que a Cáritas Portugal atendeu 80.130 pessoas entre janeiro e junho deste ano.
"Em junho de 2011 atendemos 8.275 pessoas e no mesmo mês deste ano esse número subiu para 14.654. Foi um aumento de 56 por cento", frisou.
Também presente na conferência, Maria Helena André, do Banco Alimentar, sublinhou que a "pobreza está, de facto, a aumentar e muito" e que os pedidos de ajuda também.
Em declarações à Lusa, a presidente da Comissão Permanente de Coesão Social da AML, Sofia Cabral, disse que esta conferência se impõe para se tentar encontrar soluções neste momento de crise.
"A AML é hoje a região do país com a mais alta taxa de desemprego. Esta conferência é oportuna, dado o atual contexto económico e financeiro que o país atravessa", afirmou.
Sofia Cabral alertou também que, para o próximo ano, "as desigualdades sociais, o desemprego, a precariedade no emprego e a pobreza tendem a aumentar".
"Por isso, é o momento oportuno para falar com entidades que trabalham na área social e com especialistas que se debruçam sobre esta matéria", acrescentou.
De acordo com o Observatório de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa (OLCPCL), até final de setembro estavam desempregadas 160.678 pessoas na AML.