Dizer que há excesso de médicos é um "disparate completo"
O vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Mário Jorge, considerou hoje um "disparate completo" as declarações do ministro da Saúde no Parlamento de que existem mil médicos especialistas a mais nos hospitais portugueses.
"É um disparate completo. Porque inclusivamente existem documentos elaborados pelas estruturas centrais do ministério da Saúde e são documentos recentes que traçam um panorama completamente ao contrário daquilo que foi afirmado pelo ministro", disse Mário Jorge em declarações à Lusa.
Mário Jorge citou um estudo elaborado pela Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS) que concluiu que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem uma carência de 1.000 médicos de família e 600 especialistas nos hospitais.
As afirmações de Paulo Macedo aconteceram na terça-feira durante a discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2012.
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"Estou convicto de que essas declarações revelam um desconhecimento completo da realidade do setor. Não podem assentar, naturalmente, em quaisquer dados concretos e objetivos e prefiro optar por considerar que se trata de ignorância e desconhecimento da realidade do setor", afirmou.
Lembrando que neste momento os hospitais estão a "funcionar nos limites da capacidade de resposta", Mário Jorge teme que as declarações do ministro tentem "criar desde já na opinião pública uma ideia preconcebida e destituída de fundamento que justifique posteriores despedimentos em massa e encerramentos indiscriminados de serviços hospitalares".
"Temos aqui dois cenários possíveis para explicar o perfeito disparate que foi dito ontem pelo ministro da saúde", concluiu.