Chefe do protocolo do Vaticano vive "momento histórico"
O Presidente da República, Cavaco Silva, condecorou hoje José Avelino Bettencourt, chefe de protocolo da Secretaria de Estado do Vaticano, salientando que este luso-canadiano, de 50 anos, vive "um momento histórico" ao servir "dois papas".
"Vive um momento histórico, porque imagino que poucos chefes de protocolo ao longo dos séculos tiveram o privilégio de servir dois papas. Deve ser um caso único, mas com certeza que isso fará parte das suas memórias", afirmou Cavaco Silva, numa intervenção durante a cerimónia no Palácio de Belém, que contou com a presença, entre outras figuras, do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, e do Núncio Apostólico em Portugal, Monsenhor Rino Passigato.
José Avelino Bettencourt, que hoje recebeu a Comenda da Ordem Militar de Cristo, foi nomeado em novembro de 2012 pelo papa Bento XVI chefe de protocolo.
O chefe de Estado português sublinhou, na mesma intervenção, as diferenças entre os dois pontífices, e os desafios que a "simplicidade refrescante" do papa Francisco, eleito no passado dia 13 de março, pode representar para um chefe de protocolo.
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"Trouxe algo que nos surpreendeu que foi uma grande simplicidade, uma simplicidade refrescante. E com certeza, um papa com estas características traz novos desafios a um chefe de protocolo", afirmou.
Cavaco Silva frisou a importância e o "peso da responsabilidade" das funções assumidas por José Avelino Bettencourt.
"Numa Santa Sé milenar, um chefe de protocolo assume uma grande responsabilidade. É um instrumento da maior importância na política externa e na diplomacia. O protocolo dá uma solenidade aos diferentes atos. O protocolo estabelece o respeito mútuo aos intervenientes nos respetivos processos de contacto entre os diferentes Estados", destacou.
Sobre a ligação de José Avelino Bettencourt a Portugal, o Presidente da República salientou o "orgulho" como este padre luso-canadiano, nascido na ilha de São Jorge (Açores), afirma a sua qualidade de cidadão português.
"Toca-nos a forma como pratica, e bem, a nossa língua e como refere com frequência que é português e como tem feito todos os possíveis para ajudar [o país] (...) principalmente quando está em causa o reforço das excelentes relações que mantemos [Portugal] com a Santa Sé", concluiu Cavaco Silva.
Segundo fonte da Presidência da República, as primeiras cartas credenciais que o papa Francisco recebeu foram do embaixador de Portugal junto da Santa Sé, António Almeida Ribeiro.
Num breve discurso, José Avelino Bettencourt afirmou que a distinção é um gesto que transcende a sua pessoa, sendo também "uma homenagem ao sucessor de Pedro", o papa Bento XVI, que o nomeou para o cargo.
Uma distinção que também, segundo o chefe de protocolo, exprime "a alma da nação portuguesa", uma identidade "de matriz cristã e missionária" com uma "vocação universalista".
A importância de ser português e de falar português no Vaticano não foi esquecida por José Avelino Bettencourt.
"Entre os 180 países que mantêm relações com a Santa Sé figuram todos os países da lusofonia, multiplicando-se as ocasiões de falarmos a bela língua de Camões. (...) Sinto-me muito honrado por ser parte desta presença lusitana na Santa Sé e no mundo", referiu.
Já em declarações aos jornalistas, José Avelino Bettencourt disse que trazia aos portugueses um "grande sorriso" e um "abraço caloroso" do papa Francisco.
"E as palavras fraternas de um pai que é o papa da Igreja e que está solidário com Portugal (...) e que tem na memória uma data muito importante para Portugal em 2017 [ano do centenário das aparições de Fátima]", acrescentou.