Hugo Soares quer falar "olhos nos olhos" com Rio
O ex-líder parlamentar social-democrata foi o nome indicado pela concelhia de Braga do PSD para a representar nas listas pelo seu círculo, mas foi afastado por vontade de Rui Rio.
O deputado social-democrata Hugo Soares disse esta terça-feira que marca presença no Conselho Nacional que aprovará as listas às eleições legislativas para dizer "olhos nos olhos" ao presidente do partido aquilo que pensa e apontou com principal objetivo "combater o PS".
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À entrada para a reunião do órgão máximo do PSD, que decorre hoje à noite em Guimarães, distrito de Braga, Hugo Soares, que ao que tudo indica foi afastado das listas para as eleições de outubro por "vontade expressa" da direção nacional e de Rui Rio, não confirmou se irá deixar de ser deputado, mas garantiu que não se irá afastar da vida política.
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"É da mais elementar justiça que eu possa hoje vir aqui dizer ao presidente e ao Conselho Nacional, olhos nos olhos e cara a cara, e aos militantes, aquilo que tenho para dizer sobre a situação interna e sobre a situação nacional", afirmou o deputado eleito nas últimas legislativas pelo círculo de Braga.
Questionado sobre se vai ou não continuar a ser deputado e na vida política, o ex-líder parlamentar do PSD declarou que "há muita vida política fora do parlamento".
"Não tenciono nunca deixar de fazer política porque creio que é a mais nobre das atividades", referiu Hugo Soares, acrescentando: "Se há característica que creio que os portugueses me reconhecem é por me ter batido sempre pelo Partido Social Democrata, sempre pelo país e por ter algumas qualidades no combate ao PS e é esse combate que continuarei a fazer".
Hugo Soares foi o nome indicado pela concelhia de Braga do PSD para a representar nas listas pelo círculo de Braga, mas, segundo fonte da distrital social-democrata, foi "afastado por vontade própria e expressa de Rui Rio e da direção nacional" da lista proposta pela distrital do PSD/Braga.
PSD/Setúbal responsabiliza Rio pela desunião
O líder do PSD/Setúbal, por sua vez, acusou o presidente social-democrata de não unir o partido e disse ter aprendido neste processo de elaboração de listas que "mais vale ter um amigo na nacional do que ser líder de uma distrital".
À entrada para o Conselho Nacional do PSD, Bruno Vitorino afirmou que "obviamente" votará contra as listas propostas pela direção, que o excluem a si e à a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, que foi proposta pelo PSD/Setúbal.
"Eu gostava que o PSD fosse para qualquer embate eleitoral unido. A diferença entre um presidente e um líder é a capacidade que um líder tem de unir à sua volta", considerou, apontando como exemplos de liderança Pedro Passos Coelho e Cavaco Silva.
Questionado se o presidente do PSD, Rui Rio, está a cumprir a promessa que fez depois de ser eleito de que o partido "não seria um clube de amigos", Bruno Vitorino respondeu em tom irónico.
"Eu sou presidente de uma distrital, mas aprendi neste processo que, às vezes, é melhor ter um amigo na nacional do que ser presidente de uma distrital", afirmou.
Bruno Vitorino considerou que a avocação da elaboração da lista de Setúbal pela direção nacional é "anti-estatutária e antidemocrática" e lamentou que o partido esteja a discutir nomes e não ideias.
"Vamos aprovar linhas programáticas que não sabemos quais são. Como é que podemos pedir aos conselheiros nacionais para ficarem vinculados a um documento que não conhecemos?", criticou.
O programa eleitoral do PSD foi aprovado na Comissão Política Nacional, que terminou já depois das 21:00, e deverá ser votado esta noite pelo Conselho Nacional, tal como as listas de candidatos a deputados às legislativas de 06 de outubro.