Jantares de família, sim. Mas com "as devidas precauções"
Direção-Geral da Saúde admite regresso das reuniões familiares, mas alerta para a necessidade de respeitar as medidas sanitárias. É preciso evitar uma segunda onda da covid-19, em Portugal, apontou o subdiretor-geral, Diogo Cruz, em conferência de imprensa.
O regresso faseado à normalidade prevê a possibilidade dos encontros familiares. Os almoços e jantares de família são permitidos, esclareceu o subdiretor-geral da Saúde, durante a conferência de imprensa, esta terça-feira, mas "com as devidas precauções, cautelas, distanciamento social". "Não [os] podemos fazer nos moldes que fazíamos antigamente, para continuar a combater esta pandemia", sublinhou Diogo Cruz, lembrando que Portugal deixou o estado de emergência, não erradicou o surto.
Nas últimas 24 horas, o país registou mais 11 mortes e 178 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS). Há agora, em Portugal, 25 702 infetados, 1743 recuperados e 1074 vítimas mortais - uma com menos de 30 anos, revelada esta terça-feira.
Perante estes números, mas tendo em mente o início do desconfinamento, que começou esta segunda-feira, o subdiretor-geral da Saúde indicou que as medidas de higiene, etiqueta respiratória e distanciamento social são para manter, sob pena de "existir uma segunda onda". "Devemos todos fazer o nosso papel de agentes de saúde pública e manter as recomendações".
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Haverá "mais liberdade e mais permissões", mas estas são acompanhadas por uma responsabilidade cívica. "Como presumo que nenhum de nós queira uma segunda onda [do surto], devemos manter as recomendações. Podemos fazer um jantar de família, mas com as devidas cautelas e distanciamento social".

Diogo Cruz, subdiretor-geral da Saúde, esta terça-feira, em conferência de imprensa.
© MÁRIO CRUZ/LUSA
Desde o início da semana que é possível voltar a ir a uma loja de roupa, ao cabeleireiro, a uma livraria ou à biblioteca. Os stands automóveis também reabriram as portas, tal como as delegações das finanças. E praticar desporto ao ar livre é de novo permitido, inclusive no mar, desde que o faça sozinho. Os ajuntamentos com mais de dez pessoas continuam proibidos e em espaços fechados há uma lotação máxima de cinco pessoas por cada 100m2.
Passa ainda a ser obrigatória o uso da máscara comunitária nos espaços comerciais e nos transportes públicos (nestes últimos, o incumprimento está sujeito a multa), bem como em recintos fechados. Quando os alunos do 11.º e 12.º anos voltarem à escola - o que está previsto para 18 de maio (segunda fase de três do plano de desconfinamento) - também serão obrigados a usar máscaras.
Ainda no âmbito do regresso à normalidade, o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou, durante a conferência, que os jovens médicos vão voltar a fazer os exames de acesso à especialidade, interrompidos por causa da covid-19. "Retomar os concursos na carreira da saúde é fundamental. Assim, a realização das provas deve ser já a partir de 8 de Junho de 2020", esclareceu o governante.
"São boas notícias para os jovens médicos, mas são também excelentes notícias para o Serviço Nacional de Saúde [SNS], que não pára. Está on para dar respostas no âmbito da covid-19 e também para além da covid-19", disse António Lacerda Sales.
Menos testes? "não por falta de oferta"
Durante o briefing diário foi também discutido o número de testes de despiste ao novo coronavírus que são feitos no país. Em resposta a uma questão da RTP, o secretário de estado da Saúde afirmou que se tem "verificado, durante os fins de semana, a diminuição de testes, não por falta de oferta, mas porque, provavelmente, há diminuição da procura".
No domingo - dia em que o país registou um dos menores aumentos do número de casos, tendo sido notificados 92 - foram realizados 5500 testes, declarou o governante, em resposta ao DN, esta segunda. No sábado, tinham sido 10 400 e na sexta-feira (feriado) 12 500.

António Lacerda Sales, secretário de estado da Saúde.
© ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
Atualmente, o país faz 44 mil exames por milhão de habitantes, "o que nos coloca numa posição confortável a nível europeu", segundo António Lacerda Sales. Desde o dia 1 de março, foram realizados cerca de 450 mil análises, sendo que o último dia de abril foi quando se fizeram mais testes: 16 200.