
Opinião


Eleições presidenciais
As eleições presidenciais de 2021 foram um acontecimento vazio e apenas necessário para legitimar o processo democrático. Sabíamos todos que Marcelo Rebelo de Sousa ganharia confortavelmente à primeira volta. Foi o que aconteceu: vitória inequívoca, discurso de vitória compatível com a responsabilidade que se lhe conhece e com o momento que o país atravessa.
Jorge Conde

Como contrariar a fadiga pandémica que sentimos?
Estamos há quase um ano a viver uma realidade que, numa fase inicial, e por ser uma situação nova e desconhecida, potenciou elevada ansiedade, medo e incerteza. Era uma situação estranha que nos obrigou a todos a alterar de forma drástica os nossos hábitos e comportamentos, na esfera pública e privada. Aprendemos a controlar o impulso de correr para abraçar alguém, a manter distância física e a diversificar as formas de comunicação. Aprendemos ainda a trabalhar de pantufas e a substituir o contacto visual pelos quadradinhos no ecrã do computador.
Rute Agulhas

Novo vírus. Nova pandemia. Novo desafio
Como se sabe, fez já um ano que foi identificada, pela primeira vez, uma nova doença com expressão epidémica, devida a uma nova estirpe de coronavírus, identificada na imensa China, com epicentro em Wuhan, capital da província central de Hubei.
Francisco George

Novo ciclo político
O nível de participação eleitoral e a boa organização das eleições presidenciais foram revigorantes. O compromisso dos portugueses com a democracia é sólido e, mesmo em pandemia e com a mais que previsível vitória de Marcelo, mais de quatro milhões de portugueses foram às urnas.
Pedro Marques

Já estamos preparados para gerir a próxima crise?
Não nos iludamos. Estamos perante uma clara alteração da perceção dos cidadãos relativamente à forma como a crise pandémica passou a ser gerida a partir do outono. Claro que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, mas não podemos deixar toda a aprendizagem sobre a gestão da crise para mais tarde, sob pena de não podermos tirar partido dela na fase em que é mais necessária: agora.
Jorge Moreira da Silva

Defender a Europa da liberdade, da segurança e da justiça em tempo de pandemia
A presidência portuguesa do Conselho Europeu no primeiro semestre de 2021 decorre em circunstâncias imprevistas e absolutamente excecionais. A dimensão da incidência da pandemia global de covid-19 (cem milhões de infetados a nível mundial e cerca de 30 milhões na Europa) constitui, desde março passado, um desafio sem precedentes à capacidade de resposta coordenada das instituições europeias e dos Estados membros e à salvaguarda dos valores essenciais da democracia e dos direitos humanos num quadro generalizado de restrições à liberdade de circulação, entre outros direitos fundamentais, de reposição de controlos internos e de imposição de fortíssimas restrições nas fronteiras externas.
Eduardo Cabrita

Chega de navegar à vista
Não, ninguém inveja a posição de quem tem de tomar decisões neste momento. Quem está nessa posição, porém, e não a rejeitou, continua a ser responsável pelo que faz - e pelo que opta por não fazer. E não pode justificar-se com a dificuldade da posição em que aceitou estar e permanecer. O tempo de avaliar quem está aos comandos não é este. Mas é o de decidir e assumir responsabilidades. De dar a cara e as explicações - obrigação de quem se senta nessas cadeiras - em momentos de rutura como terça-feira à noite, quando, ignorados os avisos de quem está no terreno, o sistema de oxigénio de que depende mais de uma centena de doentes colapsou.
Joana Petiz

O engenho em tempos de pandemia
Em março, quando surgiram os primeiros casos de COVID-19, em Portugal, adotámos rapidamente o teletrabalho, mas ingenuamente tínhamos a esperança de que tudo estaria terminado rapidamente. Tínhamos até uma feira em abril que foi adiada para setembro.
Miguel Allen Lima

Mesmo com escolas fechadas, todos os alunos merecem atingir o seu potencial
O fecho das escolas tem implicações educativas tremendas especialmente nos alunos mais vulneráveis. Além de apresentarem maiores dificuldades antes deste encerramento, são os que mais regridem nas aprendizagens uma vez que têm menos apoio e condições em casa. Para estes alunos, a presença física dos colegas, dos professores e de todos os que dedicam as suas vidas profissionais ao seu sucesso é fundamental para que possam ter oportunidades reais de mobilidade social.
Pedro Almeida

A interpelação à direita democrática
Embora formalmente ausente das eleições do passado dia 24, António Costa é um discreto mas evidente vencedor dessa noite eleitoral, por várias razões. Em primeiro lugar, não podendo vencê-lo, António Costa soube juntar-se a Marcelo Rebelo de Sousa no conhecido episódio da visita à Autoeuropa e a falta de apoio do PS a qualquer candidato sempre seria interpretada pelo eleitorado como um apoio ao candidato incumbente. Em segundo lugar, de uma assentada, António Costa viu fortemente diminuídas as bases de apoio dos partidos à sua esquerda e fracassada a tentativa de afirmação de uma certa ala esquerda dentro do próprio PS. Em terceiro e último lugar, o resultado das eleições eleitorais também deixa a direita democrática perante o problema do exponencial crescimento do Chega e o inerente risco de fragmentação desse espaço político.
Rui Cardona Ferreira

A razão de Darwin
No início foi o medo...

O (nosso) castelo andante!
Na passada sexta-feira recebi uma visita: a Bruxa do Nada! Abri a porta e não o devia ter feito, pois a sacana da bruxa lançou-nos um feitiço.
Carlos Rosa

Como enfrentar a tripla crise dos países vulneráveis
ExclusivoO ano de 2020 mudou tudo. O mundo enfrenta agora crises interligadas de saúde, económicas e climáticas que não têm paralelo histórico. Essas ameaças convergentes afetam a todos, mas são especialmente devastadoras para os países em desenvolvimento vulneráveis.
Manish Bapna e Muhammad Musa

A vacinação e a arte da guerra: o exemplo do Médio Oriente
Vivemos um momento bélico contra um inimigo, chamado covid-19, que é implacável, mutável, incansável. Guerra é guerra, exigindo estratégia e táctica metódicas, precisas e rigorosas. Há que ser rápido como o vento, feroz como o fogo e inabalável como a montanha (parafraseando Sun Tzu, em A Arte da Guerra).
Patricia Akester e Filipe Froes

Querem dez razões para não vacinar já os políticos?
Anunciar, nesta fase, que na semana que vem entram para uma lista de prioridades na vacinação para a covid-19 Presidente da República, primeiro-ministro, ministros, secretários de Estado, funcionários da Assembleia da República, membros do Conselho de Estado, Provedora de Justiça, membros das regiões autónomas e presidentes de câmara municipal é uma estupidez política inacreditável.
Pedro Tadeu

Para liderar é preciso saber ouvir
No final do Conselho de Ministros de 21 de janeiro, o primeiro-ministro fez uma afirmação preocupante, que passou despercebida no meio do turbilhão noticioso em torno das eleições presidenciais. Disse António Costa, questionado por um jornalista sobre o eventual arrependimento de não ter fechado as escolas mais cedo, que: "Nós adotamos as medidas em função dos dados que existem, não dos dados que existiram nem dos dados que imaginamos que venham a existir."
Maria da Graça Carvalho

Hidrogénio verde, lítio e IPCEI
O projeto de produção em Portugal de hidrogénio verde em grande escala começa com uma empresa portuguesa de um cidadão holandês, Marc Rechter. Planeou o projeto, articulou com várias entidades, terá sensibilizado vários clientes potenciais na Holanda, na Alemanha e em países adjacentes. Apresentou o projeto de seguida ao governo português e, perante a reação positiva deste, promoveu a ligação a entidades da Holanda - do respetivo governo a off-takers do hidrogénio.
Jorge Costa Oliveira

O vencedor e o campo de treinos
A comunicação social publicou as habituais análises sobre vencedores e vencidos das eleições. São curiosidades. Na realidade, o domingo só teve um vencedor: Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente reeleito.
José Ribeiro e Castro

Desígnios de um país "doente"
As altas figuras do Estado vão ser vacinadas a partir da próxima semana. Defender o contrário para ser popular, irreverente ou jogar no campo das demagogias ou ideologias não é sério. Quem lidera, dirige, administra um país em pandemia tem de estar sempre na linha da frente. Não se trata da mesma linha da frente em que estão médicos, enfermeiros e auxiliares - que, obviamente, devem todos ter via verde para a vacinação, no público e no privado, bem como bombeiros e forças de segurança envolvidas no combate à covid-19. Mas, cada um, na sua missão, precisa de continuar a lutar. Sem parar. O Diário de Notícias revelou ontem, em primeira mão, o despacho assinado pelo primeiro-ministro, bem como as cartas enviadas aos órgãos de soberania no sentido de começarem a ser definidas as prioridades de vacinação, consoante as disponibilidades.
Rosália Amorim

'Smarketing'?!?
Assistimos a grande aceleração na mudança do comportamento dos consumidores da qual se destaca a valorização do "phygital", ou seja, a consistência na integração das jornadas física e digital.
João Filipe Torneiro

Não vale tudo. Bom senso precisa-se
Governar, seja o que for, não é tarefa fácil. Basta pensar na gestão das nossas casas, que em tempo de pandemia se tornou ainda mais complexa, já que a incerteza e disrupção passaram a fazer parte do quotidiano. O certo é que, à exceção dos domicílios, só governa quem quer - ou quem vence. Por sufrágio ou não, haverá sempre uma apreciação do modelo de governança.
Manuel Portugal Lage

Repartir os ovos por vários cestos - dizia Soares
Mário Soares costumava dizer que o povo português gosta de repartir os ovos por vários cestos. O líder histórico do PS aludia ao facto de, normalmente, haver um Governo de direita e um Presidente de esquerda, ou vice-versa, como acontece agora. As maiorias parlamentar e presidencial nem sempre coincidem.
Simões Ilharco

Manaus sem oxigénio é espelho do negacionismo bolsonarista
O coronavírus ataca de maneira agressiva os pulmões a causar uma grave inflamação que gera dificuldade na absorção do oxigénio, vital para a sobrevivência dos demais órgãos. Conforme a capacidade de captação de oxigénio diminui, o paciente faz mais força para encher os pulmões. Chega um momento em que esse esforço não resulta, o organismo acusa a baixa concentração de oxigénio e é quando se passa a usar outros músculos do abdómen na tarefa de encher mais ainda os pulmões, qualquer médico ou profissional de emergência reconhece o desconforto respiratório ao notar esse movimento torácico. Esse processo é exaustivo, requer muito esforço físico e o paciente, debilitado, perde a capacidade de respirar e forçar a entrada de ar em seus pulmões.

Falar de poesia hoje?
A atualidade rodeia estas minhas palavras com o alto vibrar dos resultados eleitorais, nas suas vitórias e derrotas, e com a terrível música de fundo da pandemia, nos seus lutos e alarmes. Parecerá então falar hoje de poesia atitude semelhante àqueles jogadores de xadrez do poema de Ricardo Reis que ficam suspensos "de marfim peão mais avançado/ pronto a comprar a torre" ainda que "caiam cidades, sofram povos, cesse/ a liberdade e a vida"?
Luís Castro Mendes

Lembrar um conto popular…
Importa sensibilizar os portugueses para a tomada de consciência da necessidade de uma proteção solidária. Como disse o Presidente da República, muito bem, a primeira prioridade é o combate da pandemia. Importa cerrar fileiras para enfrentar o perigo real com que o mundo se defronta. Não está em causa a liberdade e o direito, mas o respeito mútuo de uma cidadania livre e responsável. Daí a necessidade de uma maior coordenação nacional, europeia e internacional e de medidas excecionais que correspondam ao que o direito designa como estado de necessidade, em nome da preservação da vida de muitas pessoas.
Guilherme d’Oliveira Martins

Duas ideias insensatas, ou talvez não
Sei que corro o risco de parecer mais um desses "especialistas" sobre pandemias que, no último ano, têm proliferado em todos os países e meios, debitando "bocas" sobre o novo coronavírus, os meios para a enfrentar, as relações entre ciência e política, a maneira como os governos devem ou não lidar com este problema que continua a manter a humanidade virtualmente paralisada e outros tópicos correlatos.
João Melo

Coisas boas destas presidenciais
Aquilo que não aconteceu na campanha aconteceu na noite de domingo: Marcelo acusou o Chega de ser contra a democracia e Rui Rio colocou-o na "extrema-direita", assumindo o PSD como centro. Tudo certo: agora é só agirem em conformidade.
Fernanda Câncio

Marcelo e a espada de Eanes
Ainda bem. E que o Senhor o acrescente!, diria a minha sogra da reeleição de Marcelo. Eu acrescento que, por mais que festejemos um e justifiquemos os outros, o problema é o outro - ou pior, são outros. Um é aquele que multiplicou por sete o número de votos arrebanhados à esquerda e à direita, resultado da incapacidade do sistema para responder às chagas dos nossos dias: desemprego, medo, miséria, fome, doença - o calvário de gente, muita gente, gente nossa, com rosto, o da desigualdade persistente, que gera populismos, violência e ódio. Em jogo, diante de nós, encontram-se duas lógicas: a dos partidos tradicionais e a da sociedade. As eleições de domingo demonstraram que elas deixaram de coincidir.
Afonso Camões

O segundo mandato e o futuro político da nação
O combate à pandemia e aos seus efeitos económicos e sociais será um dos desafios do segundo mandato do reeleito Presidente da República.
Rosália Amorim

Carta aberta ao Embaixador da Índia em Portugal: Celebrar a Constituição, defender os direitos humanos
Exmo. Senhor Embaixador Manish Chauhan
Miguel Almeida

Estou furioso: se for votar, sou criminoso!
Estou mesmo furioso: nestas Presidenciais, se sair de casa para ir votar, sou criminoso! Se consultarmos o site oficial do SNS, há uma clarificação sobre este assunto:
Pedro Afonso

Carta aberta a meu amigo Avito
O Filipe acaba de me dar a triste notícia com voz embargada e plangente: o nosso Avito é uma saudade. Partiu esta madrugada.

Depois da pandemia a Troika?
Portugal, devido a uma duplamente deficiente gestão da pandemia, enfrenta, para além de uma tremenda crise humanitária que custa diariamente centenas de vítimas mortais evitáveis, uma das mais severas recessões económicas das últimas décadas.
Jorge Fonseca de Almeida

Aulas online: público e privado
A não autorização de aulas online nas escolas privadas, durante as duas semanas em que as escolas públicas vão estar encerradas também sem elas, suscitou alegações de inconstitucionalidade por violação da "liberdade de aprender e de ensinar", em particular, e do "princípio de proporcionalidade" em geral. Menos aflorado e valorado tem sido o que, salvo opinião mais bem argumentada, está principalmente em causa: o "princípio da igualdade". Vejamos.
A. Reis Monteiro

Celebrar a educação em tempos de covid-19
Comemora-se hoje oficialmente o Dia Internacional da Educação, com o tema "Recuperar e revitalizar a educação para a geração da covid-19". Nada mais apropriado no momento em que as nossas escolas do pré-escolar, básico e secundário se encontram encerradas devido à terrível situação que Portugal atravessa, com um número crescente de infetados e mortos, e um Serviço Nacional de Saúde à beira do colapso.
Margarita Correia
