
Opinião


Carlos Moedas não é o candidato da má moeda
Carlos Moedas, ex-comissário europeu, que vai concorrer a Lisboa pelo PSD, não é, seguramente, o candidato da má moeda, de que falava Cavaco Silva. Trata-se de um nome forte, como diz Rui Rio, e está à altura da cidade e do partido que representa.
Simões Ilharco

Sem rei nem Ordem
Dizer que os advogados portugueses, nomeadamente os milhares de advogados que exercem em prática individual ou em pequenas sociedades, enfrentam um período difícil, é uma redundância desnecessária face ao evidente cenário de redução muito acentuado da atividade dos tribunais e da vida económica.
Jorge Machado

Que viva o porno!
Na manhã de 18 de Setembro de 1923, uma mulher que andava a fazer uma caminhada pelas montanhas de Santa Mónica descobriu no chão um sapato feminino, um casaco e uma carteira. No interior da carteira, uma nota bizarra, assinada com as iniciais P.E.: "Tenho medo, sou uma cobarde, tenho medo de tudo. Se tivesse feito isto há mais tempo, teria poupado muito sofrimento." A caminhante olhou para o fundo da ravina e viu o cadáver de uma jovem mulher. Receando meter-se em sarilhos, deixou os objectos nas escadas da esquadra da polícia de Hollywood e depois ligou para lá, a contar o que tinha visto.
António Araújo

A geopolítica da vacina
O processo de vacinação em curso é o passaporte para o início da recuperação das economias, progressivamente aliviadas de confinamentos e socialmente normalizadas. Dizem os especialistas que ultrapassada a emergência pandémica e o período de vigilância sanitária, cuja mistura ainda nos angustia, passaremos a conviver com o vírus de forma endémica, habituada e sazonal. A duração disto é uma incógnita, o que não desmerece os entretantos. E, nestes, há muito em jogo: a vacina transformou-se num instrumento de poder, influência, prestígio e posicionamento estratégico. Se quiserem, deu origem a autênticas superpotências da saúde pública, dando à diplomacia da vacina um cunho que pode ir da salvação gloriosa de terceiros à chantagem por vantagens políticas. Será assim a natureza humana: é na desgraça que se revela.
Bernardo Pires de Lima

Fim do cristianismo na Europa? 2
1 Pergunta-se: o que se passou para que o jesuíta Victor Codina tenha podido escrever, num estudo sobre Ser Cristiano en Europa?, que estamos a assistir a um colapso do cristianismo na Europa?
Anselmo Borges

O nosso futuro ontem
No dia 20 de fevereiro completaram-se vinte anos sobre o falecimento no New Hampshire da professora Donella Meadows (1941-2001). O seu nome está associado a uma obra que mudou a vida de muita gente da minha geração, o famoso relatório sobre os Limites do Crescimento (1972) apresentado ao Clube de Roma por uma equipa de investigadores do Massachusetts Institute of Technology.
Viriato Soromenho-Marques

Até sempre
E agora eu vou-me embora e embora a dor não queira ir já embora agora eu vou-me embora e parto sem dor." Roubo ao Sérgio Godinho o verso para me despedir do DN e dos leitores que me acompanharam nestes quase doze anos. Foi um privilégio e um orgulho.
Pedro Marques Lopes

Cátedra UNESCO
No passado 5 de fevereiro deste 2021, procedeu-se, em formato digital, ao lançamento da cátedra UNESCO - Educação e Ciência para o Desenvolvimento e Bem-Estar Humano - EDUWELL, com a presidência da professora doutora Ana Costa Freitas, reitora da Universidade de Évora, e do professor doutor Carlos Salema, presidente atual da Academia. Na data em que o globo é objeto de uma desordem da relação entre os objetivos definidos depois da guerra, e capacidades desordenadas sobretudo pela pandemia, parece de receber com louvor e esperança uma iniciativa que encontra raiz em já antiga resolução da ONU.
Adriano Moreira

Cenoura e cacete na versão Biden
Theodore Roosevelt destacou-se pela fórmula da cenoura e do cacete que usou para impor a influência dos Estados Unidos nas Caraíbas na primeira década do século XX. Joe Biden, o mais velho presidente americano, parece estar a seguir a fórmula do mais jovem de todos os antecessores, pelo menos em relação às ambições nucleares do Irão. E o ataque de sexta-feira contra milícias às ordens de Teerão no leste da Síria bem pode ser entendido como uma cacetada dada depois de os ayatollahs terem rejeitado as primeiras cenouras oferecidas pelo novo presidente. Estas vão da reabertura de negociações multinacionais até uma revisão das sanções repostas durante a presidência de Donald Trump, passando pela facilitação das viagens de diplomatas iranianos às Nações Unidas.
Leonídio Paulo Ferreira

Jorge Borges de Macedo: entre a Europa e o Atlântico
A sapiência e a dimensão intelectual fazem de Jorge Borges de Macedo (JBM), para além de uma personalidade apelativa, mas complexa, um dos principais historiadores portugueses, não apenas do seu tempo, mas de todos os tempos. Evocando-o, no centenário do seu nascimento (1921-2021), e (re)lendo-o, continuamos a aprender e a compreender o mundo, de forma segura, através dos seus textos, neste caso nos campos da História da Diplomacia portuguesa (HDP) e/ou das Relações Internacionais (RI).
Paulo Miguel Rodrigues

O Proscrastinador
Ambiguidade é o que carateriza as cinco páginas que agregam os motivos (de um total de seis) do projeto de lei sobre o hipotético adiamento das autárquicas, a ser debatido e votado no próximo dia 25 de março. Aí estão reunidos todos os argumentos que conseguem, curiosamente, defender a manutenção e, simultaneamente, o adiamento das eleições autárquicas deste ano. Afinal, em que ficamos?
Manuel Portugal Lage

Foi o Facebook e a Google quem ganhou a guerra com a Austrália*
*E ainda resta saber se a imprensa de facto saiu a ganhar disto tudo. Pelo menos, o público australiano tem os seus habituais serviços online de volta.
Ricardo Simões Ferreira

Arrumar os fantasmas que nos perseguem
Nos tempos da União Soviética, dizia-se em Moscovo que o passado era imprevisível. A história da governação comunista mudava de cada vez que uma nova clique se apoderava do Kremlin. Essa piada lembra-nos que a narrativa sobre a história tem uma importância política colossal. É normalmente capturada pela classe dominante, para justificar o seu controlo do poder. Assim acontece nas ditaduras.
Victor Ângelo

Qatar 2022 e o reverso da medalha
O próximo Mundial de Futebol está praticamente à porta. Digo-o desta forma porque o tempo, para mim, tem passado mais rapidamente em tempos de confinamento. Nunca fui tão produtivo como agora, talvez por ter de inventar entretenimento e, quando dou por mim, estou sempre a entreter-me com algo ligado ao que me dá mais prazer, o trabalho e, já é sexta-feira outra vez. O desejo e a ânsia em ultrapassar esta fase também ajudará certamente e a verdade é que o pessegueiro à porta de casa é a árvore mais florida da rua, indicando que o Inverno já foi e que os bichinhos vão começar a comer borboletas para as terem no estômago, só porque sim.
Raul M. Braga Pires

O fim de um vociferar. Rush Limbaugh (1951-2021)
Ontem, nem todas as bandeiras foram içadas a meia haste na Florida, no sétimo dia da morte de Rush Limbaugh. Divisivo em vida, divisivo depois desta, a intenção de homenagear o radialista conservador não colheu consenso no estado governado por Ron DeSantis, republicano. Em Palm Beach, onde Limbaugh residiu durante décadas, a autarca local defendeu que "apesar de ter sido uma figura pública significativa, foi também incrivelmente divisivo, ferindo muitos com as suas palavras e ações". Tal não se trata propriamente de um exagero. Maestro da polarização, grande xamã do tribalismo e acólito vocal do trumpismo, a polémica do que fazer perante a sua morte talvez seja o tributo mais justo à sua vida.
Sebastião Bugalho

Permissividade, a assassina da democracia
A democracia foi a grande conquista do 25 de Abril e foi querida tanto pelos que nele participaram como pelos que contribuíram para a reestruturação do modelo de vida que desde aí fomos criando.
Bruno Bobone

O fim da civilização dos tupperwares
Foi a Segunda Guerra Mundial que deu um grande empurrão ao uso do plástico. Apesar de materiais como o nylon ou o acrílico terem sido inventados uns anos antes, foi a sua utilização nos paraquedas e nos cockpits dos aviões que promoveu a produção em massa. E não admira que na América pós-1945 a ambição das famílias fosse ter a casa cheia de tupperwares, com a proliferação dos recipientes mundo fora a acontecer em paralelo com a das embalagens.
Leonídio Paulo Ferreira

Jorge Borges de Macedo e a História da Cultura ou "a imensa diversidade do humano"*
Jorge Borges de Macedo (JBM) faria 100 anos no próximo dia 3 de março. No longínquo ano de 1988 entrei numa sala de aulas na Faculdade de Letras de Lisboa (FLL) para ser aluno de JBM. Nesse ano, o professor catedrático da FLL tinha escolhido duas turmas: uma do 1º ano e outra do 4º. Na primeira lecionaria Metodologia da História. Com 17 anos, recém-chegado a Lisboa e à FLL, as aulas de JBM abriam-me novas perspetivas. Professor exigente, dotado de um sentido de humor, por vezes ácido, ensinou-me que o mais importante era olhar para o "concreto vivido" nas sociedades e, na dialética entre o concreto e a teoria, poderíamos encontrar as explicações para os fenómenos que a História estuda. Uma História que só faz sentido apreendida na sua globalidade. Essa forma de olhar para a realidade e a profunda desconfiança face ao pensamento dogmático são heranças do professor JBM.
Raul Rasga

Rebeldes fake
Daniel Silveira foi um péssimo polícia - apresentou atestados médicos falsos, recebeu 14 repreensões e duas advertências - assim como Bolsonaro foi um terrível militar. Mas um e outro sabem que no Brasil ser mau profissional nunca impediu ninguém de triunfar na política - para se ter votos basta dizer e fazer o que passa pela cabeça.
João Almeida Moreira

Poderá o PRR resolver as dificuldades da falta de médicos?
Está em discussão o tão ansiado PRR - Plano de Recuperação e Resiliência que tem como objetivo ajudar o país a sair da crise provocada pela pandemia. Temos duas formas de o fazer: uma tentando voltar ao ponto onde nos encontrávamos em fevereiro de 2020, outra aproveitando a recuperação para reconstruir. O plano deixa caminhos para essa reconstrução ao apostar fortemente na melhor capacitação do capital humano.
Jorge Conde

É possível sobreviver à infidelidade?
A infidelidade no contexto de uma relação amorosa ativa questões relacionadas com o amor e o abandono. Os piores medos são despertados e a confiança quebra de forma imediata. Será possível sobreviver a uma traição?
Rute Agulhas

Lei da selva digital
Neste admirável mundo novo, a digitalização trouxe novos empregos e oportunidades de negócio, mas nem tudo o que luz é ouro.
Pedro Marques

Para quando uma bazuca de produtividade e competitividade?
Não menosprezo o Plano de Recuperação e Resiliência, nem o papel dos 17 mil milhões de subvenções europeias nele enquadrados. Mas lamento que teimemos em não perceber que os problemas de crescimento da economia não se podem resolver apenas na perspetiva do financiamento - e, muito menos, exclusivamente do lado do financiamento público -, ignorando os constrangimentos estruturais que nos impedem de crescer há décadas.
Jorge Moreira da Silva

Portugal, a Índia e a União Europeia – Um tempo de confluências
Um encontro inédito marcará, no Porto, a presidência portuguesa da União Europeia (UE). No dia 8 de maio próximo, o primeiro-ministro da Índia avistar-se-á ali, pela primeira vez, com os seus 27 homólogos europeus. A este Encontro Informal de Líderes UE-Índia seguir-se-á uma reunião bilateral entre Narendra Modi e o primeiro-ministro António Costa.
Carlos Pereira Marques

Duas grandes figuras portuguesas
De pequeno, Portugal só terá a dimensão geográfica, além de algumas mentalidades pequeninas e limitadas, mas não são essas que aqui me trazem hoje. Duas grandes figuras portuguesas, cada uma no seu estilo e no seu campo político, têm demonstrado do que são feitos os melhores de nós. António Guterres está a desempenhar a missão da sua vida, ao liderar as Nações Unidas até ao dia 31 de dezembro deste ano. Durão Barroso destacou-se como presidente da Comissão Europeia e agora volta a assumir um papel importante para todos: o de presidente do conselho de administração da Gavi, The Vaccine Alliance.
Rosália Amorim

A emergência de Estado
A renovação do Estado de Emergência, nos termos atualmente estabelecidos, tem dividido os partidos e agitado a sociedade, pela preocupação e pela urgência.
João Pacheco

A história económica na obra de Jorge Borges de Macedo
Luís Aguiar Santos

Esta quinta-feira contra o Arsenal, oxalá o Benfica se recorde da sua velha alma europeia
Está tudo em aberto, disse Jorge Jesus, na eliminatória entre o Benfica e Arsenal, que se decide esta quinta-feira em Atenas.
Simões Ilharco

Mundo virtual precisa de mais segurança real
A segurança online é um desafio para os consumidores, mas muito em especial para as populações mais envelhecidas e com menor literacia digital. A cibersegurança ganhou com a pandemia uma urgência ainda maior, dado que a nossa vida passou em boa parte a ser feita online, não só para trabalhar mas também para comprar todo o tipo de bens e serviços.
Rita Rodrigues

A educação está a ser atacada
Vivemos num mundo em que as profecias se autoconcretizam. Num mundo em que o ponto de partida são as definições falsas que suscitam novos comportamentos que, por sua vez, fazem que a conceção inicial se transforme em verdadeira.
Carlos Rosa

Michel Déon, o escritor francês que amou Portugal
Michel Déon foi um escritor francês cosmopolita, inventivo, aberto e, além disso, conhecedor e amante de Portugal. Em 1991 foi eleito membro correspondente da Academia de Ciências. Surpreende-me que não seja mais conhecido, que seja tão difícil encontrar os seus livros, em francês, e ainda mais em português. Se alguém quiser voltar à boa novela, às histórias bem contadas, convido-vos a descobrir Michel Déon. Há muitos anos que sou seu leitor, desde que uma amiga francesa me passou Les poneys sauvages, uma novela que descreve muito bem as contradições, os objetivos e as vidas dos europeus em meados do século passado.
Jaime-Axel Ruiz Baudrihaye

Um inverno com Kafka
É sempre útil ler Kafka nos nossos dias. Não pelo grotesco das situações, mas pelo realismo ácido de cenas de um quotidiano que em cem anos não mudaram muito.
Isabel Capeloa Gil

O PRR, a falta de estratégias nacionais e a marginalização das pequenas empresas
Na página online do governo apresentando o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) informa-se que este "se insere no âmbito da Estratégia Portugal 2030, o referencial estratégico para as opções estruturais do nosso país ao longo da década, e que tem por base a visão estratégica para o plano de recuperação económica de Portugal 2020-2030, [...] elaborado pelo Professor António Costa Silva". Nesta visão propugna-se a criação de um "cluster do hidrogénio verde" e de um "cluster do lítio, do nióbio, do tântalo e das terras raras".
Jorge Costa Oliveira

O governo e a cultura: muito pouco, muito vago e muito tarde
Segundo foi anunciado nesta segunda-feira, a Comissão Europeia selecionou uma empresa portuguesa para liderar um projeto-piloto destinado a medir, através da recolha de dados estatísticos, o impacto dos setores cultural e criativo na Europa, bem como os efeitos por estes sofridos devido à pandemia de covid-19.
Maria da Graça Carvalho

Porque é que nos esquecemos de José Atalaya?
Na segunda-feira passada, pelas 16 horas, apareceu-me este texto, assinado por Júlio Isidro, no feed do Facebook, sob o título "O Fim de uma Partitura": "Morreu há três dias o maestro José Atalaya.
Pedro Tadeu
