EUA: Coreia do Norte está "a implorar por uma guerra"
EUA pedem medidas fortes, China pede que Pyongyang "pare de tomar decisões erradas" e Rússia pede calma
A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas pediu esta segunda-feira que o Conselho de Segurança da ONU adote "as medidas mais fortes que for possível" para responder à Coreia do Norte, que fez este domingo o maior ensaio nuclear de sempre.
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Nikki Haley disse que "já chega" e que o líder norte-coreano Kim Jong-Un "está a implorar por uma guerra", segundo a Reuters. "Chegou o momento de acabar com as meias medidas".
"Guerra é algo que os Estados Unidos nunca querem. Nós não queremos. Mas a nossa paciência tem limites", disse a embaixadora.
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Programa nuclear da Coreia do Norte está mais avançado e perigoso do que nunca
Para Haley, as sanções aplicadas pelos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU desde 2006 não estão a ter efeito.
"Apesar dos nossos esforços, o programa nuclear da Coreia do Norte está mais avançado e perigoso do que nunca", disse a embaixadora. Os Estados Unidos vão propor novas sanções à Coreia do Norte, que deverão ir a votos dentro de uma semana.
A Coreia do Norte voltou a desafiar a comunidade internacional, principalmente os EUA e a China, ao realizar um teste com uma bomba de hidrogénio. Este foi o sexto desde 2006 e o primeiro desde que Donald Trump tomou posse como presidente dos EUA.
O teste nuclear teve uma potência de 50 mil toneladas, segundo os responsáveis do Ministério da Defesa sul-coreano. A confirmar-se, esta quantidade de energia significa que o teste foi cinco vezes mais potente que o quinto ensaio nuclear realizado pela Coreia do Norte, em setembro de 2016, e mais de três vezes superior ao da bomba que destruiu Hiroshima em 1945.
Este teste nuclear é "profundamente desestabilizador para a segurança regional e internacional", declarou o secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Políticos, Jeffrey Feltman.
Donald Trump disse no domingo que os Estados Unidos estão a ponderar suspender "todo o comércio" com qualquer nação que faça trocas comerciais com a Coreia do Norte. A China, maior aliado da Coreia do Norte, reagiu esta segunda-feira dizendo que esta ameaça é inaceitável e injusta.
O Conselho de Segurança está reunido de emergência esta segunda-feira para estudar possíveis abordagens à mais recente crise internacional que envolve armas de destruição massiva. Na reunião estão os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e com poder de veto - Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China - e outros 10 países.
China diz que a Coreia do Norte está a piorar a situação
Na reunião, o embaixador da China na ONU pediu à Coreia do Norte que "pare de tomar decisões erradas" e pediu que todos os lados considerem a proposta de Pequim. A China, o maior aliado da Coreia do Norte, pede que Pyongyang suspenda o programa nuclear e de armamento e que os Estados Unidos parem os exercícios militares que têm feito em conjunto com a Coreia do Sul.
"Pedimos que a Coreia do Norte pare de tomar decisões erradas, piorando a situação e indo contra os seus próprios interesses, e volte para o caminho da resolução do problema através do diálogo", disse Liu Jieyi, o embaixador chinês.
"Chamamos a Coreia do Norte ao diálogo. Através do diálogo, podemos conseguir uma desnuclearização da península coreana", disse o representante chinês.
Rússia volta a pedir que mantenham a calma
Por sua vez, a Rússia pediu que todos os lados mantenham a calma e "se abstenham de qualquer ato que possa aumentar a tensão".
"Insistimos na necessidade de preservar o nosso sangue frio (...) não devemos ser dominados pelas emoções e devemos agir de forma calma e ponderada", reforçou o representante da Rússia.
"Um acordo compreensivo sobre a questão nuclear e outras questões da península coreana apenas pode ser conseguido através dos canais diplomáticos", disse Vassily Nebenzia, o embaixador russo, propondo que se aumentem "os esforços de mediação do secretário-geral das Nações Unidas".
"Não há solução militar", insistiu Vassily Nebenzia, reconhecendo, ao mesmo tempo, que o regime de Pyongyang tratou "com desprezo" todas as imposições internacionais.
Esta segunda-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, falou ao telefone com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, segundo o Kremlin.
Coreia do Sul dá "um forte aviso"
As forças armadas sul-coreanas dispararam hoje mísseis, que explodiram no mar, para simular um ataque contra o principal local de testes nucleares da Coreia do Norte.
O exercício com fogo real da Coreia do Sul visou dar "um forte aviso" à Coreia do Norte, informou o Ministério da Defesa sul-coreano. Envolveu caças F-15 e mísseis balísticos "Hyunmoo" lançados a partir do território sul-coreano e que explodiram no mar do Japão.
O alvo foi fixado tendo em conta a distância para o local de testes nucleares da Coreia do Norte.
Coreia do Norte: a culpa é dos EUA
Na semana passada, o embaixador da Coreia do Norte na ONU disse que o regime está a exercer o seu "direito à autodefesa", face às "intenções hostis" mostradas pelos Estados Unidos. Pyongyang classifica os exercícios militares dos norte-americanos com os sul-coreanos como uma provocação para "atirar achas para a fogueira".
Os Estados Unidos devem ser responsabilizados
Pyongyang "continuará a reforçar as suas capacidades de defesa com o poder nuclear enquanto os Estados Unidos mantiverem a sua ameaça nuclear e as manobras militares", continuou o embaixador Han Tae-Song. "Os Estados Unidos devem ser responsabilizados pelas consequências catastróficas que daí decorrerão".
As declarações do embaixador norte-coreano foram feitas na semana passada, horas depois da Coreia do Norte ter disparado um míssil balístico, que sobrevoou o Japão.