Martin Scorsese: "Sempre me senti atraído pelo enredo épico"
Em declarações exclusivas ao DN, o premiado realizador revela detalhes sobre a série Vinyl
Tanto as séries Vinyl e Boardwalk Empire [Scorsese realizou o primeiro episódio e serviu de produtor executivo aos restantes] como o filme O Lobo de Wall Street falam de impérios em queda. Porque é que o épico é tão apelativo para si?
Sempre me senti atraído pelo enredo épico, talvez porque o tenha presenciado em tempo real. Às vezes, acontece em pequena escala, na nossa família, na nossa casa. Às vezes, é toda uma forma de levar a vida. E outras é um negócio, como acontece em Vinyl.
Quais as principais diferenças entre realizar um filme e um episódio para televisão?
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Tens de passar algum tempo a preparar as coisas - o cenário, as personagens centrais, o tom, os motivos e os temas para a ação. Mas, além disso, é apenas uma questão de trabalhar. É a mesma coisa.
Em que altura se tornou claro que Vinyl teria de ser uma série em vez de um filme?
Não me recordo exatamente quando isso aconteceu, mas a dada altura apercebemo-nos de que o alcance da história era tão grande que precisávamos do formato série. Havia tantos caminhos para seguir, e eles estavam tão interligados... São parte de uma grande história.
Nova Iorque é a sua cidade natal. Que memórias guarda de lá ter vivido no início dos anos 1970?
Para mim, essa era, e ainda é, Nova Iorque: uma cidade em vias de se desmoronar. É como uma cidade alien. As greves do lixo, as carruagens dos comboios que não passavam a tempo, o crime... Juntamente com o avant--garde, os filmes independentes, as coisas extraordinárias que estavam a acontecer na pintura, na arte visual, no teatro e, claro, no rock"n"roll. Os contrastes entre todos esses mundos, a interceção entre eles, o fermento criativo, as tensões, a violência - tudo isso é o que torna a cidade de Nova Iorque um cenário tão fantástico para drama.
O primeiro episódio é épico em termos de escala. Quais foram os desafios ao filmar este segmento de duas horas?
Foi uma questão de encontrar o equilíbrio entre apresentar uma série e fazer um filme individual. Estou muito contente com o resultado. Acho que encontrámos esse equilíbrio.
O que torna Bobby Cannavale, Olivia Wilde, Ray Romance e os outros membros do elenco ideais para os respetivos papéis?
Eles são todos tão talentosos... Foi muito claro para mim que estes artistas preenchem a personagem e que a personagem também os preenche. Têm o potencial de crescer juntos.