Fim do regime de Assad está mais perto, diz Medvedev
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, considerou hoje que o regime do Presidente sírio Bashar Assad está cada vez mais perto do fim.
"Parece-me que a cada dia, a cada semana, a cada mês que passa, as hipóteses de conservação [do poder por Assad] são cada vez menores. Mas repito uma vez mais que isso deve ser o povo sírio a decidir. Não pela Rússia, nem pelos Estados Unidos, nem por qualquer outro país", declarou, em entrevista ao canal televisivo CNN.
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Esta é a primeira vez que um dirigente russo admite publicamente a queda do regime de Bashar Assad.
Medvedev baseia a sua opinião no facto de Bashar Assad ter cometido erros na realização de reformas políticas.
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"O Presidente Assad errou na realização de reformas políticas. Ele devia ter feito tudo muito mais depressa, conquistar para o seu lado parte da oposição moderada que estava pronta a sentar-se com ele à mesa das conversações. Isso foi um erro significativo seu, talvez mesmo fatal", explicou.
O primeiro-ministro russo revelou: "Telefonei várias vezes a Assad e disse-lhe: realize reformas, sente-se à mesa das conversações. Repito uma vez mais: considero que, infelizmente, a direção da Síria mostrou não estar pronta para isso."
Segundo Medvedev, o principal agora para a comunidade internacional é garantir o processo de reconciliação nacional, porque, caso contrário, a violência irá continuar na Síria.
"Ou o processo de reconciliação nacional decorre sob o controlo da comunidade mundial, ou haverá uma guerra civil interminável, não há terceira solução", frisou, acrescentando que a Rússia está pronta a participar neste processo.
O dirigente russo defende que "em caso algum se deve permitir o derrube da atual elite política através de ações armas, porque a guerra civil nesse país continuará durante décadas, com ou sem Assad.
"Por conseguinte, a tarefa da comunidade mundial, de todos os países: Estados Unidos, europeus e potências regionais como Arábia Saudita, Qatar e outros países, consiste em sentar as partes à mesa das conversações e não apenas exigir que Assada saia, depois ou será executado, como aconteceu com Kaddafi, ou levado de maca para o tribunal, como acontece com Hosni Mubarak", concluiu.
Segundo dados da ONU, a guerra civil na Síria, que dura há já dois anos, provocou mais de 60 mil mortos, centenas de milhares de edifícios foram destruídos.