Retoma de 5,4% em 2021, défice irá cair para 4,3%
OE2021 otimista no desemprego, mas mais pessimista na evolução dos salários, no investimento e no consumo. Exportações recuperam melhor.

O cenário macroeconómico que suportará o novo Orçamento do Estado de 2021 projeta uma recuperação da economia que, após uma violenta recessão de 8,5% este ano, deverá subir 5,4% no próximo, indicam os grandes números finais assumidos pelo Ministério das Finanças.
O cenário diz que o défice deste ano deve ficar em 7,3% do PIB e que, em 2021, baixará para 4,3%, uma meta bem mais pessimista do que a do Conselho das Finanças Públicas (CFP), que aponta para 3,2% de défice.
Salários e desemprego
No entender do Governo, o défice deve cair menos em 2021 porque o consumo das famílias vai ter uma retoma muito mais lenta (logo, menos receita fiscal). Pelas contas das Finanças, o consumo privado aumenta 3,9% no ano que vem. A OCDE dizia 8,2%, o CFP dizia 6,9%.
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O salário médio também vai contribuir para esse ambiente mais sombrio nas contas públicas. As Finanças estimam que a remuneração média por trabalhador suba 3,4%, mas que esse ritmo cai para metade (1,7%) em 2021.
Já a previsão das Finanças para o nível de desemprego é claramente mais otimista: depois de uma taxa de 8,7% da população ativa este ano, o fardo do desemprego alivia para 8,2%, diz o Governo. Um número que fica muito aquém dos 9,6% da OCDE ou dos 8,8% do CFP.
A destruição de emprego deve chegar a 3,8% este ano e recupera apenas 1% no próximo ano.
No investimento, mesmo num ambiente profusamente marcado pela entrada de fundos europeus (espera-se), o Governo está pouco confiante. Diz que o investimento total sobe 5,3% em 2021, menos do que projetam as outras instituições. Daí talvez a previsão mais recuada relativamente ao emprego.
Nas exportações, é ao contrário. Depois de um colapso de 22% este ano, o Ministério das Finanças espera uma retoma de 10,9%. As importações também sobem, mas menos (7,2%) o que ajuda a manter a balança externa relativamente equilibrada.

Preços quase iguais
A inflação de 2020, que acaba por determinar, em parte, o volume de alguns aumentos em 2021, fica-se nos 0,3%. No ano que vem, o Governo projeta 0,9%.
No parecer oficial ao cenário macroeconómico, o CFP alerta para o "contexto de elevada incerteza causado pelo impacto da pandemia de covid-19 na atividade económica" e para o facto de a evolução assumida pelo Governo no desemprego estar "abaixo das restantes projeções conhecidas".
No entanto, o Conselho diz que o Governo até é "mais pessimista" quanto à evolução do consumo.