Depoimento de presidente da REN satisfaz Penedos
O advogado que defende José Penedos, no processo "Face Oculta", mostrou-se hoje satisfeito com o depoimento do presidente da REN, Rui Cartaxo, que disse que a gestão de resíduos naquela empresa pública andava "numa zona abaixo do radar".
Ouvido durante a 70.ª sessão do julgamento, que está a decorrer no tribunal de Aveiro, Rui Cartaxo, que sucedeu a José Penedos no cargo de presidente da REN, disse que "havia uma deficiência clara ao nível da execução", no tratamento dos resíduos, nomeadamente com "problemas de controlo logístico".
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Em declarações à Lusa, o advogado de José Penedos não se mostrou surpreendido com estas declarações, afirmando não conhecer nenhuma empresa que não tenha alguns problemas pontuais.
"O que estamos aqui a falar é de corrupção, é de favorecimento. Não estamos a falar de eventuais problemas de organização, de uma coisa que falha, de um erro humano e da necessidade de aperfeiçoar permanentemente", adiantou Rui Patrício.
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O advogado realçou ainda que as declarações de Cartaxo permitem pressupor que a administração da empresa que gere as Redes Energéticas Nacionais não tinha conhecimento destes eventuais problemas.
"Se passava abaixo do radar, então a administração não tinha consciência e os administradores que estão aqui a ser acusados, estão a ser acusados de uma conduta dolosa, de favorecimento da O2", adiantou.
Numa altura em que está quase a acabar a produção de prova da acusação sobre a REN, Rui Patrício diz que ainda não viu a prova dos factos que são imputados ao seu cliente.
"Como não há prova dos factos de corrupção, está-se a falar de outras coisas para criar cenário", afirmou o advogado, adiantando que, "em vez de estar aqui a julgar os factos da acusação, está-se a fazer uma auditoria à REN".
Recorde-se que José Penedos é acusado de corrupção e participação económica em negócio, estando em causa o favorecimento das empresas do sucateiro Manuel Godinho - que o antigo responsável da REN nega.
O processo "Face Oculta" está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas.
Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador do BCP, e José Penedos, ex-presidente da REN, assim como o seu filho Paulo Penedos.