"Papel do BdP não se pode caracterizar pelo antagonismo"
Mário Centeno responde às questões dos deputados sobre a indigitação para o cargo de governador do Banco de Portugal.
Mário Centeno rumou ao Parlamento esta quarta-feira para ser escrutinado pelos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças, que vão avaliar a proposta de designação do antigo ministro das Finanças para o cargo de governador do Banco de Portugal.
A proposta de Centeno para suceder a Carlos Costa, que termina formalmente hoje o mandato como governador do regulador bancário, foi apresentada pelo governo ao presidente da Assembleia, a 26 de junho. "É intenção do governo, na sequência de proposta do senhor ministro de Estado e das Finanças (João Leão), designar o professor doutor Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de Portugal", era possível ler na missiva enviada por Costa a Eduardo Ferro Rodrigues.
Ainda antes de ser questionado pelos deputados da Comissão, Mário Centeno expôs qual a visão que tem para o Banco de Portugal, caso seja indigitado. "Puxando dos galões", o ex-ministro das Finanças recordou o currículo com passagens por Harvard, a experiência enquanto docente, a presidência do Eurogrupo e nem o primeiro saldo orçamental em democracia, atingido em 2019 enquanto foi ministro das Finanças, ficou de fora.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
"É com enorme entusiasmo mas com plena consciência que assumo as funções", diz Centeno, recordando que não encara o regresso ao Banco de Portugal, onde já foi quadro superior, como um regresso a casa. "Encaro a missão não como mero voltar a casa, mas com iniciar e construir de um novo caminho de uma casa que quero ver a prosperar pela excelência."
"O Banco de Portugal do século XXI deve abrir-se à comunidade e justificar o seu financiamento", afirma o ex-ministro das Finanças, reforçando que "o papel do Banco de Portugal não se pode caracterizar pelo antagonismo e isolacionismo, mas sim com a complementaridade com o governo e restante comunidade.
Descrevendo aquilo que pretende ser "a nova fase da vida do Banco de Portugal e da sua relação com economia e sociedade portuguesa", Centeno destaca a necessidade de a instituição acompanhar a transição digital, referindo a necessidade de estar atento a fenómenos como as moedas digitais.
A designação de Centeno para o cargo não tem sido consensual, com a oposição a demonstrar preocupação com o grau de independência da instituição que regula o setor bancário caso Centeno assuma o cargo.
Após esta audição, será elaborado um relatório e, só depois dessas conclusões é que o Conselho de Ministros poderá designar Mário Centeno para o cargo de governador do BdP.
Enquanto não for designado o sucessor, Carlos Costa irá continuar provisoriamente em funções. Costa assumiu o cargo de governador do Banco de Portugal em 2010.
(em atualização)
Leia mais em Dinheiro Vivo a sua marca de economia