João Mota: Teatro fica muito mais pobre sem Benite
O diretor do Teatro Nacional D. Maria II, João Mota, considerou hoje que o teatro "fica muito mais pobre" com a morte do encenador e diretor da Companhia de Teatro de Almada (CTA), Joaquim Benite.
Joaquim Benite morreu esta madrugada aos 69 anos vítima na sequência de complicações respiratórias devido a uma pneumonia.
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"Além de um grande profissional, era muito amigo de Joaquim Benite desde o Grupo de Campolide onde, aos 18 anos, representei a peça "Bão" sobre a infância", disse João Mota à agência Lusa, acrescentando que a melhor homenagem que se pode prestar aquele encenador é "continuar a obra por que sempre lutou e com o Festival de Almada que se tornou em evento cultural que extravasou a fronteira de Portugal".
Para João Mota, o trabalho de Joaquim Benite foi "uma pedrada no charco" logo quando em 1970 fundou o Grupo de Campolide, um grupo de teatro de cariz totalmente antifascista e que permitiu levar à cena várias peças que na altura era quase impensável que subissem ao palco.
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Criar um público de massas, com hábitos de ir ao teatro, encenar peças de dramaturgos clássicos portugueses ou estrangeiros e mesmo modernos, além de criar um festival de teatro que fosse além da fronteira de Portugal sempre foram objetivos de Joaquim Benite, referiu ainda o diretor do D. Maria II.
"Custa-me muito ver que o Joaquim morre assim porque ainda tinha muito para dar ao teatro", sublinhou João Mota, referindo ainda o facto de o encenador estar a trabalhar na peça "Timão de Atenas", de Shakespeare, uma coprodução do o D. Maria II com estreia prevista para dia 20 no Teatro de Almada e que em junho de 2013 subirá ao palco principal do teatro nacional em Lisboa.
João Mota sublinhou ainda a importância de Joaquim Benite enquanto uma pessoa que "fazia pontes, deixando para trás questões de importância menor em benefício do teatro".
Jornalista e crítico de teatro, Joaquim Benite nasceu em 1943, filho de um empresário de teatro. Aos 17 anos fundou o Grupo de Campolide, formação amadora que viria a profissionalizar-se em 1977 no Teatro da Trindade, em Lisboa. Em 1978, o grupo muda-se para Almada onde assume o nome de Companhia de Teatro de Almada (CTA).