Deolinda ao pôr do sol com uma corzinha de verão
Grupo de Ana Bacalhau abriu o palco e o público respondeu entusiasmado. No recinto, multiplicam-se as experiências, do skate ao hip hop, com uma perninha no surf
Ana Bacalhau conquistou cedo o Sol da Caparica. "É um prazer inaugurar este palco", disse no momento em que o público ainda se acomodava no recinto preparando-se para dançar ao som de Seja agora. Um concerto em pleno sunset, com o Sol a pôr-se por detrás do palco principal do festival que volta a encher a Costa na sua terceira edição.
Em frente aos Deolinda estava uma plateia de largas centenas de festivaleiros, de várias idades. Pais, filhos e avós confirmavam a tendência do festival para as famílias da Margem Sul, com música portuguesa para todos os gostos e onde até se fez o comboio em pleno relvado, enquanto mais em frente ao palco se começou saltar e até se entoou o nome de "Ana Bacalhau" após o grupo tocar a Corzinha de verão, que a vocalista associa ao ambiente de praia que está tatuado desde a primeira edição do Sol da Caparica.
Por isso pediu braços no ar e teve resposta em uníssono. Estava ultrapassada a pressão (se é que a havia) de abrir o palco principal e garantida a festa até final dos cerca de 40 minutos que esteve em palco com a sua banda. Mas com tempo suficiente para tocar as músicas mais célebres do popular grupo que soma sete discos de platina e concertos pelo mundo. Ontem apostou claramente na animação, fazendo valer a tal "energia fulminante" com que se apresenta e que contagiou o recinto.
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"Até os putos gostam"
"É sempre garantia de boa música. Até os putos gostaram", comentava Januário Trigo acompanhado dos dois filhos menores, que não viam a hora de chegar o concerto C4 Pedro, agendado para perto da meia--noite. Era por ele que estavam no Sol da Caparica ontem à noite. Pedro tem dez anos e Jorge 12. "Temos de os distrair com alguma coisa até ao nosso momento, mas os Deolinda foram bacanos", referia Jorge, que este sábado vai ter lições de surf - uma das apostas do festival - tendo já passado pelo museu dedicado à modalidade que ocupa o centro do certame.
A terceira edição do Sol da Caparica aquecia na quadra de skate. Quem saltou mais alto com sucesso gritou "yes", mas caiu instantes depois. "Foi do entusiasmo, deslumbrei-me, fiz o que nunca tinha conseguido fazer. E logo agora que o meu pai estava a gravar", congratulava-se Manuel, enquanto ia buscar o skate ao relvado.
O hip hop era a música do momento nas colunas do festival à medida que o recinto se compunha. Lá fora engrossavam as filas nas bilheteiras e bebiam-se os primeiros copos para tentar "fintar" o calor. 32 graus depois das cinco da tarde. João e os amigos Carlos, Marta e Amélia atrasaram-se na viagem a partir de Lisboa e só depois de comprarem os passes para os quatro dias é que irão ao parque de campismo montar as tendas.
"Há um ano viemos com tudo mais organizado, mas hoje ainda falta quase tudo. E não podemos perder Deolinda, senão ela dá-me uma sova", ironiza João apontando para a namorada. Então o melhor é acelerarem porque o tempo voa. O palco Blitz já estava preparado para receber as Danças Ocultas & Orquestra Filarmonia das Beiras.
"É bom para abrir as hostilidades. O pessoal quer é música e em bom português, é para isso que aqui vimos", justificava Paulo Ramos abraçado à mulher Joana e às duas filhas, Cátia e Rute, que ontem saíram da praia de Santo António diretamente para o Parque Urbano da Caparica. "Ainda pensamos em ir a casa tomar banho e vestir outra roupa, mas há tanto trânsito que nos obrigava a perder muito tempo e isto merece ser visto do primeiro ao último minuto", justificava Joana.
Enquanto aguarda pelo primeiro espetáculo da versão 2016, o público, sentado ou deitado no relvado, mostrava estar imbuído no espírito da selfie, alargado à foto da praxe do festival, erguendo dísticos com excertos da célebre música dos Peste & Sida, em que o grupo assume que "As miúdas da Costa são uma tentação".
"Ficámos bem? Podemos partilhar", questionavam, enquanto tomavam lugar no palco Dança para espreitarem Warm Up/Animação. "Há cenas para todos os gostos, é tão fixe", atirava Marco, pela segunda vez no festival, que já estava mais atento ao outro lado do recinto onde Aline Frazão ia atuar dentro em breve. De facto o tempo corre entre os três palcos do Sol da Caparica. À hora de fecho desta edição, está David Fonseca no palco da Caparica.