Patrícia Viegas
Patrícia Viegas
Faltam 72 dias para o Brexit. Ou não?
Patrícia Viegas
Faltam 72 dias para o Brexit. Ou não?
Uma coisa que anos a escrever sobre a União Europeia ensina é: as crises formam-se à vista de toda a gente, primeiro subestimam-se, depois arranjam-se soluções ad hoc, elaboram-se planos, normalmente rejeitados pelos cidadãos de um ou mais Estados membros, grita-se que não há plano B, que é assim ou não é, depois apanha-se mais uns choques, apregoa-se quase o apocalipse e, in extremis, eis que alguém, em algum sítio, em alguma circunstância, aparece com uma solução. Foi assim na crise da Constituição Europeia, do Tratado de Lisboa, o seu herdeiro, na crise das dívidas soberanas e do euro, da falência da Grécia e a sua quase saída da moeda única, com um referendo pelo meio também. Isto só para dar alguns exemplos.
Patrícia Viegas
É normal comer mexilhões com plástico azul?
Patrícia Viegas
Da Rússia com amor
Opinião
Fomos à guerra, mas estava fechada
Opinião
Injeção de adrenalina
A Volvo Ocean Race é a mais antiga, mais longa e mais dura regata do mundo. Quanto às duas primeiras características, nada a declarar, sobre a terceira, um testemunho. No dia 1 tive oportunidade de participar na corrida de treino a bordo do veleiro da equipa da Dongfeng. E posso atestar que, de facto, andar nestes barcos, em competição, não é andar de barquinho à vela. Não enjoei. Nem me lembrei disso. Pensei que podia cair ao mar. Mas acho que foi só durante dois segundos. A atenção estava centrada nos movimentos do skipper e do resto da tripulação. "Quando a corrida começar, quando eu for para a direita, vocês vão também, quando for para a esquerda, vocês também", ordenara Charles Caudrelier, skipper francês do veleiro com tripulação mista, que na primeira etapa da corrida - Alicante-Lisboa - ficou em terceiro lugar. A francesa Marie Riou e a holandesa Carolijn Brouwer eram as duas mulheres a bordo. A voz imperiosa do chinês Chen Jinhao "Horace" ia atualizando a contagem do tempo que faltava para melhor situar a equipa. O navegador francês Pascal Bidégorry, de tablet na mão, ia discutindo estratégias com o skipper e comunicando informações aos outros. Oscilando entre o francês e o inglês. De um lado para o outro. Frenético. Quando o barco da Sun Hung Kai Scallywag fez uma tangente ao da Dongfeng, Pascal e Caudrelier protestaram oficialmente, gritaram, gesticularam, como atestam as fotos do on board reporter Jeremie Lecaudey. "Todos para a direita." "Todos para a esquerda." De cada vez que o skipper dizia isto, o barco inclinava rapidamente, como se fosse virar, todos tinham de correr para se segurar. Numa das vezes fiquei pendurada pelos braços e com as pernas em suspenso. Uma verdadeira injeção de adrenalina. Que valeu a pena. E terminou com a conquista do segundo lugar.
Opinião
Otay Mesa: o ground zero
Com algum atraso no calendário inicialmente previsto, os protótipos do "grande e belo" muro que o presidente Donald Trump quer construir na fronteira entre os EUA e o México começaram a ser erguidos. O local escolhido foi Otay Mesa, zona fronteiriça da grande San Diego, na Califórnia, que alguns media norte-americanos classificaram como o ground zero do novo muro de Trump. Do lado dos EUA, a zona de fronteira é uma espécie de deserto, onde raramente se vê alguém que não sejam os agentes da US Border Patrol. Do lado do México, a vista é para Tijuana, com inúmeras casas amontoadas, nalguns casos de construção rudimentar. Quando em maio estive em Otay Mesa, encontrei opiniões e pontos de vista divergentes sobre a ideia de um novo muro: do agente da Border Patrol ao advogado de defesa dos direitos humanos e dos imigrantes, passando por membros locais do Partido Republicano e do Partido Democrata. Mas em comum todos tinham duas questões: como será financiado o novo muro e como e onde será construído? Isto porque já existe um muro entre os EUA e o México, ou melhor, um muro que na realidade são dois. Um é feito de placas de aterragem para aviões e helicópteros que sobraram do tempo da Guerra do Vietname. O outro, com quase cinco metros de altura, é uma vedação de arame farpado. No meio, uma espécie de terra de ninguém, vigiada por câmaras e sensores. Em Otay Mesa e em San Ysidro, a 10 km um do outro, passam todos os dias cerca de cem mil pessoas. San Ysidro é a fronteira terrestre mais movimentada do mundo. Muitos americanos vivem em Tijuana e trabalham em San Diego e, como muitos mexicanos, consideram a travessia diária da fronteira como uma coisa normal. Por isso muitos têm dificuldade em precisar o que se entende por um novo muro "grande e belo".
Opinião
Lisboa vs. Bruxelas
