Jaime-Axel Ruiz BaudrihayeUm espanhol escreve sobre a política portuguesa entre 1913 e 1917O meu amigo Jaime Sartorius ofereceu-me uma pequena joia do jornalismo espanhol, Mirando a Portugal, Madrid, 1917, de Félix de Llanos y Torriglia, um escritor e historiador que conhecia muito bem Portugal e o visitava amiúde. É dedicado ao marquês de Lema, nessa altura ministro de Estado da Espanha de Alfonso XIII, avô do meu amigo.
Jaime-Axel Ruiz BaudrihayeO mito das "costas voltadas"Os clichés são difíceis de apagar. Ainda há quem continue a acreditar no mito das costas voltadas entre espanhóis e portugueses. Os clichés e os mitos servem apenas para ocultar e mascarar a realidade. Na minha opinião foi uma invenção do salazarismo porque se queria reforçar uma identidade e Castela tinha sido, em tempos, a ameaça e a barreira para a Europa. Era preciso encontrar um vizinho indiferente e hostil.
Jaime-Axel Ruiz BaudrihayeA Linha de Cascais vista por duas mulheres singularesBranca de Gonta Colaço e Maria Archer foram duas portuguesas de grande envergadura, cultas, liberais, dessas que elevam a densidade cultural de um país. Foram esquecidas sem razão, mas um livro encontrado por acaso num dos melhores alfarrabistas de Lisboa, Eduardo Martinho, no Mercado de Santa Clara, desvendou-me como era a costa de Lisboa a Cascais no primeiro terço do século XX. O pretexto da sua interessante crónica foi o comboio, inaugurado em 1890, competindo com os vapores de rodas e os carrões.
Jaime-Axel Ruiz BaudrihayeReabriram as livrariasAs livrarias lisboetas são as primeiras andorinhas. Reabertas as livrarias e os alfarrabistas respiramos um pouco melhor nesta primavera que tarda. Lisboa foi sempre uma cidade de livrarias, um dos seus atrativos, um pretexto para passear, ainda que os cafés continuem fechados. Nelas encontraremos esse porto de abrigo de que tantas vezes sentimos falta numa urbe. Não sei porque as fecharam, pois nas livrarias quase nunca há ninguém, não há muito risco de contágio, mas, enfim, a pandemia tem destes paradoxos.
OpiniãoDeixámos, malgrado nosso, de ser juancarlistasQuando éramos antifranquistas, lá para o início dos anos de 1970, Juan Carlos parecia-nos uma imposição de Franco, a continuidade em dictablanda (ditadura branda) do regime contra o qual lutávamos. Embora houvesse uns quantos monárquicos na oposição, partidários de D. Juan, seu pai, a imensa maioria de nós era republicana por princípio.