Miguel Albuquerque considera "estranho" continuarem a "bater no PSD"
É necessário perceber que "eleições autárquicas têm dinâmicas próprias, muito locais", disse o presidente do Governo da Madeira
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, considerou esta terça-feira "muito estranha" a preocupação das pessoas que estão "sempre a bater no PSD" nacional quando o partido "não é poder" na República.
"Acho que há uma grande preocupação com o PSD e isso é um pouco estranho", disse Miguel Albuquerque aos jornalistas na cerimónia de entrega de quatro habitações destinadas ao alojamento definitivo de pessoas atingidas pelos incêndios de agosto de 2016.
Tratou-se de um investimento na ordem dos 183 mil euros num núcleo habitacional sénior construído na zona da Nazaré, concelho de São Martinho, no Funchal.
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Questionado sobre as condições do líder nacional do PSD, Pedro Passos Coelho, para continuar na liderança do partido após as eleições do passado domingo, o governante madeirense sublinhou que o partido "não é Governo na República, nem nas autarquias e toda a gente continua a bater no PSD como se fosse Governo".
No seu entender, as pessoas têm de "analisar é quem tem capacidade de governação, isso é que é escrutínio".
De acordo com os resultados finais divulgados pelo Ministério da Administração Interna, o PSD vai liderar 98 câmaras (79 conquistadas sozinho, 19 em coligação), uma perda de oito autarquias em relação a 2013, que já tinha sido o pior resultado de sempre do partido em autárquicas. Há quatro anos, o PSD tinha conseguido sozinho a presidência de 86 câmaras e mais 20 em coligação, num total de 106.
Albuquerque também foi instado a pronunciar-se sobre as alterações anunciadas na região depois do mau resultado eleitoral de domingo, quando o PSD-Madeira perdeu pela primeira vez a Câmara Municipal da Ponta do Sol [zona oeste da ilha] para o PS, recuperado sem maioria a do Porto Santo e mantido a da Calheta, porque em S. Vicente apoiou um movimento de cidadãos.
O responsável respondeu que "a reestruturação que tiver de ser feita será no momento próprio", reforçando: "Nestas questões vamos decidir o que tiver que decidir e será anunciado no momento certo".
Relativamente aos maus resultados nas autárquicas de domingo, os responsáveis sociais-democratas do arquipélago "extraíram as devidas ilações", esclareceu o responsável insular.
"Isso significa que não estamos desligados da realidade, mas tiramos essas ilações a nível de postura, procedimentos e estrutura quer do partido, quer do governo [regional]", disse, acrescentando não ser preciso fazer da situação "grandes dramas".
Na sua opinião, é necessário perceber que "eleições autárquicas têm dinâmicas próprias, muito locais".
"Portanto, acho que não têm que entrar em histeria. O Governo Regional está a cumprir o seu programa, vamos fazer as adaptações que temos de fazer nos diversos setores, mas não é só de pessoas, são de procedimentos, a forma de estar, de comunicar e é isso no fundo que estamos a tratar".
Miguel Albuquerque desvalorizou as declarações do ex-líder do PSD-Madeira e seu antecessor que, num artigo de opinião publicado segunda-feira na sua página do Facebook, defendeu ser necessário "restaurar a unidade do partido", defendendo que "basta afastar nem sequer uma dezena de criaturas".
"Não vou comentar as declarações de Alberto João Jardim", afirmou, adiantando que o antigo presidente do Governo Regional "é livre de fazer as declarações que quiser, ao contrário do que acontecia antigamente".
Albuquerque também falou sobre os temas que pretende abordar com o primeiro-ministro, António Costa, na próxima reunião relacionada com a preparação do Orçamento, como a situação "escandalosa dos preços que estão a ser praticados na companhia aérea nacional [TAP]", que está a prejudicar o turismo da Madeira e os residentes no arquipélago.