Diplomados do Técnico ganham mais do dobro no estrangeiro
Alunos são requisitados mas empresas portuguesas pagam muito abaixo de outros países. Técnico faz anos no dia 23 de maio e vai "revelar" as possíveis profissões do futuro
Concluir um curso no Instituto Superior Técnico (IST) é, regra geral, um passaporte para o emprego: 86,2% dos licenciados encontram uma ocupação remunerada até seis meses depois de receberem o diploma. Mas apesar da boa aceitação generalizada pelo mercado de trabalho, as realidades são bastante distintas entre empregadores nacionais e estrangeiros. Em média, os recém-diplomados vão ganhar um salário-base de 1273 euros nas empresas ou centros de investigação portugueses. E mais do dobro - 2626 euros - quando atravessam a fronteira para arriscarem uma experiência no estrangeiro.
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Os dados - que indicam que a crescente procura por profissionais altamente qualificados ainda não tem correspondência nos valores salariais praticados em Portugal - constam do estudo "A situação profissional dos recém-diplomados do IST".
O documento foi um dos temas em discussão ontem à tarde, num encontro com a imprensa que serviu para lançar a agenda das comemorações dos 106 anos da instituição, que se assinalam no próximo dia 23 de maio.
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Profissões de futuro
Uma das apostas fortes, no encontro anual da comunidade do Técnico, é a iniciativa "Keep in touch 2017 - Next generation", na qual o IST se propõe apresentar às gerações mais novas - seus potenciais alunos dentro de alguns anos - , "as profissões do futuro".
O ponto de partida é um dado que consta de um estudo sobre as tendências do mercado de trabalho no século XXI, do equivalente norte-americano à secretaria de Estado do Emprego, segundo o qual 65% dos estudantes que atualmente frequentam o ensino básico e secundário terão uma profissão que ainda não existe.
Desafiados a pensarem em profissões que ainda não existem, os diferentes departamentos do IST surgiram com uma série de apelativas propostas, onde se incluem a Engenharia de Robôs Evolutivos, a Engenharia de Logística Interplanetária, a Engenharia de Mundos Virtuais ou a Engenharia do Cérebro. Ou a Engenharia de Dados Massivos.
Arlindo Oliveira, presidente do IST, explicou que o objetivo da iniciativa não passa por adivinhar exatamente que profissões existirão no futuro mas antes "projetar", com base " nas tecnologias que as pessoas estão a usar" na investigação, concebendo ideias de profissões que possam ser "uma forma interessante" de apresentar essas áreas aos mais novos. Isto porque, explicou, apesar de não ter dificuldades para preencher as suas vagas, a instituição quer "continuar a atrair os melhores alunos".
No entanto, também não afastou a hipótese de algumas destas hipóteses virem a transformar-se em verdadeiras profissões, dando o exemplo de um mestrado em Data Science, que o Técnico se prepara para lançar, e que em certo sentido vem dar resposta às necessidades do mercado relativamente ao tratamento de dados massivos.
Além desta e de outras iniciativas destinadas a apresentar à comunidade o que se estuda e investiga no IST, as comemorações do aniversário incluirão também uma componente cultural. A décima Temporada de Música, cuja programação está a cargo de Henrique Silveira Oliveira, professor da instituição, arranca já no dia 22 com um recital de piano de Jorge Moyano no Salão Nobre do IST.