Albânia proíbe casas de apostas em 2019 em luta contra o crime organizado
A Albânia vai fechar, a partir de 1 de janeiro, as 4.300 casas de apostas no país, um dos mais pobres da Europa e onde o jogo é fonte de lucro para o crime organizado.
Segundo dados oficiais, os albaneses gastam entre 140 e 150 milhões de euros por ano em apostas desportivas. Mas, tendo em conta as apostas ilegais, este valor sobe para 700 milhões de euros, estima o governo.
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Para o primeiro-ministro, Edi Rama, o objetivo da nova lei é impedir que o crime organizado obtenha lucros através desta indústria, que também utiliza para o branqueamento de capitais.
Contudo, "a guerra [contra o crime organizado] vai continuar porque os criminosos estão a alterar a sua estratégia", disse, recentemente, numa entrevista transmitida na televisão.
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No país dos Balcãs, com 2,8 milhões de habitantes, há uma casa de apostas para cada 670 pessoas, uma percentagem "muito elevada" e muito superior à dos países vizinhas, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o economista Klodian Tomorri.
A lei aprovada em outubro pelo parlamento, proíbe também os jogos 'online' e impõe restrições aos casinos, alguns dos quais funcionam perto de escolas. Apenas os localizados em hotéis de cinco estrelas, em locais turísticos, e com licença, poderão continuar a operar.
Em declarações à AFP, Arta, de 31 anos, mãe de dois filhos, saúda a decisão, embora diga que chega "demasiado tarde" para salvar a família da tragédia. Em julho, o marido saltou de um prédio depois de perder uma aposta no jogo de futebol França-Bélgica.
Segundo um estudo da Universidade de Tirana, um em cada quatro jogadores já tentou suicidar-se pelo menos uma vez e 70% têm problemas psicológicos.
"Há uma estreita ligação entre o jogo e a violência doméstica, que conduz a crises muito graves em muitas famílias", disse à AFP Iris Luarasi, do Conselho Nacional de Assistência às Vítimas de Violência.
Por sua vez, a advogada Vjollca Pustina estima que 70% dos divórcios estão relacionados com problemas de jogo.
O governo anunciou que serão criados centros para ajudar os antigos jogadores, mas a sua abertura em 1 de janeiro parece incerta.
"O vício do jogo é uma doença que deve ser tratada logo que as agências de apostas fechem. De momento, não existem centros de reabilitação", disse à AFP a professora de ciências sociais Menada Petro, da Universidade de Durres.