Exclusivo Movimento das sardinhas vs. Salvini no teste eleitoral ao governo italiano
O líder populista quer derrubar a coligação do Movimento 5 Estrelas com o Partido Democrático com uma vitória histórica na região de Emilia-Romagna. Mas não contava com a oposição de um movimento nascido há três meses nas redes sociais.

Primeira manifestação das sardinhas em Roma, no dia 14 de dezembro, mobilizou mais de 30 mil pessoas na Praça San Giovanni. “Roma não se Liga” foram as palavras de ordem.
© Angelo Carconi/EPA
Para Matteo Salvini parece valer tudo em campanha eleitoral, inclusive passar por cima dos direitos das pessoas e criar um incidente diplomático. Em Bolonha, acompanhado de câmaras de televisão, o ex-ministro do Interior toca à campainha de um prédio de apartamentos. "Boa noite, alguns moradores disseram-nos uma coisa desagradável. Disseram-nos que a origem de algumas das drogas que estão a ser vendidas no bairro é sua. Isto é verdade ou mentira?", perguntou o líder da Liga na terça-feira à noite. Já sem ninguém do outro lado do intercomunicador, prosseguiu: "Ele é tunisino? Qual deles é o traficante de droga, o filho ou o pai?"
Que efeitos eleitorais poderá trazer a fanfarronice é uma incógnita. O certo é que o jovem de 17 anos em questão veio desmentir as acusações e disse ao
Corriere della Sera
que vai avançar com uma queixa na justiça. O embaixador da Tunísia em Roma, Moez Sinaoui, lamentou a "provocação deplorável" e a "conduta embaraçosa de um senador da República", que "difamou injustamente uma família tunisina".
À partida seriam apenas mais umas eleições regionais e somente em duas das 20 regiões de Itália. Mas o momento é tudo: de um lado está a coligação de direita e extrema-direita de Matteo Salvini a ameaçar uma vitória histórica em Emilia-Romagna e do outro um movimento cívico que está a combater nas ruas o extremismo do líder da Liga. E pelo meio o Movimento 5 Estrelas a viver a sua maior crise, com a demissão do líder Luigi Di Maio a dias do escrutínio. O primeiro-ministro desmente que o resultado das eleições regionais decida a continuidade do governo, mas não falta quem garanta o contrário.