A infeção num dedo do pé que pode impedir Ronaldo de fazer (mais) história na seleção
Capitão está em dúvida para o jogo com a Croácia, marcado para sábado (19.45), no Estádio do Dragão, onde há 16 anos se estreou a marcar por Portugal e onde pode chegar aos cem golos. Para já tem 99.

Ronaldo no jogo com a Grécia, na abertura do Euro 2004, no Estádio do Dragão.
© Arquivo DN
Chegou a vez de a seleção voltar aos relvados. E não haveria melhor campo para o fazer do que o Estádio do Dragão, que em 2019 foi palco da conquista da Liga das Nações, prova que agora marca o regresso da equipa de Portugal. Desde então muita coisa mudou. Nos últimos tempos, a pandemia de covid-19 trocou as voltas ao calendário das seleções e até adiou o Europeu para 2022. E assim, Portugal mantém-se como campeão da Europa por mais um ano... Há quase dez meses que a equipa nacional não entra em campo. O último jogo foi a 17 de novembro, com o Luxemburgo, uma partida que Portugal ganhou, por 2-0, com golos de Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo, e garantiu a presença no Europeu, que se devia jogar neste verão.
O 11.º jogo da equipa nacional no recinto portista é frente à Croácia, este sábado (19.45, RTP1), e marca o arranque do apuramento para Liga das Nações de futebol. E a história é favorável aos lusitanos. Portugal só por uma vez perdeu a jogar no Dragão... na abertura do Euro 2004, frente à Grécia. Foi também no Dragão e nesse jogo que Cristiano Ronaldo fez o primeiro golo da sua carreira pela seleção principal.
O então jovem de 19 anos saltou do banco de suplentes aos 46 minutos e reduziu a diferença no marcador aos 90 com um golpe de cabeça, na sequência de um canto cobrado por Luís Figo, mas não impediu a derrota. Agora, 16 anos depois, uma infeção num dedo do pé direito deixa em dúvida o capitão para o jogo em que ele pode alcançar a marca dos cem golos pela seleção. CR7 tem atualmente 99 golos e está cada vez mais próximo do melhor marcador de sempre ao serviço de seleções, Ali Daei, autor de 109 remates certeiros ao serviço do Irão.
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E há ainda mais uma curiosidade. Desde 2004, ano em que Portugal organizou o Campeonato da Europa e foi derrotado na final do Estádio da Luz, pela Grécia, que a equipa verde-rubro não fazia jus às cores da bandeira. No sábado, os jogadores vão entrar em campo com os novos equipamentos, camisola vermelha e calções verdes. Uma novidade que agradou ao jogador da Juventus: "É bom ver os calções verdes de volta", escreveu Ronaldo nas redes sociais, depois de a Federação Portuguesa de Futebol apresentar os novos equipamentos nacionais.
Anthony Lopes de volta, estreia de Trincão e dispensa de Renato Sanches
Fernando Santos começou a preparação do jogo com a Croácia (e a Suécia, na terça-feira) com todos os 25 eleitos disponíveis, num grupo marcado pelo regresso de Anthony Lopes - que tinha pedido para deixar de ser selecionado em fevereiro de 2019 - e pelas estreias de Trincão (Barcelona) e Rui Silva (Granada), além da chamada do central Domingos Duarte (Granada). Já nesta quinta-feira, o selecionador nacional foi obrigado e dispensar Renato Sanches. O médio do Lille ressentiu-se de uma lesão e voltou a França. O cenário piorou quando se soube que Ronaldo tem uma infeção num dedo do pé e pode também falhar o arranque do apuramento para a Liga das Nações.
A missão não é fácil. Portugal está no grupo 3, juntamente com a França, campeã mundial e vice-campeã europeia, a Croácia, vice-campeã mundial, e a renascida Suécia. Com apenas o primeiro lugar do grupo a dar acesso à fase final, a missão da seleção nacional, vencedora da primeira edição da prova, promete ser difícil. Os franceses sempre fizeram a vida negra aos portugueses, que se vingaram de todas as lágrimas vertidas na final do Euro 2016. Num total de 25 jogos, Portugal sofreu 18 derrotas, empatou uma vez e venceu apenas por seis ocasiões.
O historial com a Croácia é mais curto, mas também bem mais positivo, com quatro vitórias e apenas um empate nas cinco vezes em que se defrontaram. Embora tenham sido mais simpáticos nos últimos encontros, os suecos levam a melhor frente a Portugal, com sete vitórias, seis empates e cinco derrotas em 18 encontros. Depois de conhecer os adversários que o sorteio lhe ditou, o selecionador nacional lembrou que "Portugal já deixou a sua marca na competição" e vai "ter uma palavra a dizer".
A fase de grupos vai decorrer entre setembro e novembro deste ano, com a final four da Liga A a acontecer em junho de 2021, ainda num país a designar. No mesmo dia em que Portugal joga com a Croácia, a França joga com a Suécia. Na terça-feira (8 de setembro), os portugueses jogam com os suecos, e os franceses com os croatas, naquela que será a reedição da final do Mundial 2018.
A prova benjamim da UEFA divide-se em escalões, sendo certo que a liga A, uma espécie de primeira divisão de seleções europeias, foi sorteada em quatro grupos. O grupo 1 tem a Bósnia, a Holanda, a Itália e a Polónia. O grupo 2 conta com a Bélgica, a Dinamarca, a Inglaterra e a Islândia. No grupo 3 estão a Croácia, a França, a Suécia e Portugal. Por fim, o grupo 4 junta a Alemanha, a Espanha, a Suíça e a Ucrânia.
O apuramento começou esta quinta-feira com um escaldante Alemanha-Espanha, no grupo 4 da Divisão A da Liga das Nações, marcado para a Mercedes-Benz-Arena, em Estugarda. Dez meses depois do último jogo de ambas as seleções, o encontro da noite desta quinta-feira (3 de setembro) terminou empatado a um golo (Timo Werne marcou para a Alemanha aos 51 minutos e Jose Gaya empatou aos 90).

© Federação Portuguesa de Futebol
Bernardo Silva não quer dar espaço aos croatas
Para Bernardo Silva, "poder voltar a jogar futebol depois de dois ou três meses parados foi ótimo", ainda mais na seleção. O primeiro jogo pela equipa das equipa após a paragem provocada pela pandemia é frente à Croácia: "Conhecemos bem, vice-campeões do mundo, por isso não é preciso grandes palavras para percebermos a dificuldade que vai ser este jogo. Mas Portugal quer sempre ganhar, e é isso que vamos tentar fazer."
Para levar de vencidos os croatas é preciso "destruir o ataque organizado" deles: "Se lhes dermos espaço, é uma equipa que tem muita qualidade para nos criar problemas." Isto mesmo sem Luka Modric e Ivan Rakitic. As duas estrelas da seleção croata pediram para não ir à seleção nestes jogos de setembro, a exemplo do que fez Ronaldo há dois anos, depois de se mudar do Real Madrid para a Juventus, tendo falhado todo o apuramento da Liga das Nações.
O médio do City gostava de ter público nas bancadas - "São os adeptos que fazem o futebol, que dão emoção ao futebol" -, mas avisa que Portugal tem responsabilidades na prova: "Ganhámos a Liga das Nações, temos essa responsabilidade, e sabemos que depois de Portugal ganhar o Europeu e a Liga das Nações as expectativas são altas. Sabemos que é sempre difícil, porque as outras equipas são muito fortes e não estamos a jogar sozinhos, mas Portugal entra sempre em campo com muita ambição, e é isso que vai continuar a fazer."
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