Exclusivo Roger Eatwell. "Os eleitores dos populistas estão a ser tratados de forma injusta"
Especialista em fascismo e em populismo, o professor emérito em política na Universidade de Bath diz que devemos tentar compreender as motivações dos eleitores revoltados contra as democracias liberais.

Roger Eatwell com a edição portuguesa de Populismo na mão.
© Leonardo Negrão/Global Imagens
Roger Eatwell, de 70 anos, assinou com Matthew Goodwin o livro National Populism e esteve em Lisboa para o lançamento da edição portuguesa, cujo título foi abreviado para Populismo (ed.Desassossego).
O livro está estruturado sob o chapéu de quatro D: desconfiança (nas elites), desalinhamento (dos partidos tradicionais), destruição (do modo de vida) e despojamento (aumento da desigualdade económica). Qual deles pode ser o mais disruptivo?
O que nós dizemos é que estes fatores são bastante complicados e inter-relacionados. É muito difícil separá-los. E não podemos esquecer-nos de que esta revolta começa nos anos 1990, com a Frente Nacional francesa e o Partido da Liberdade austríaco, muito antes da grande crise de 2008 e das grandes migrações de 2015. É uma revolta contra uma classe política e uma elite. São pessoas que, em geral, não rejeitam a democracia, querem eleições, mas sentem que uma elite emergente, educada, globalizada e voltada para as empresas tende a não ouvir o povo.